São Paulo – O primeiro ranking das melhores universidades do mundo árabe, divulgado recentemente pela consultoria inglesa Quacquarelli Symonds (QS), mostra que os países da região vêm investindo nos últimos anos na melhoria do ensino superior, mas que ainda há um longo caminho a ser percorrido para que as instituições alcancem os padrões de qualidade internacional.
A King Fahd University of Petroleum & Minerals (KFUPM), da Arábia Saudita, ocupa o primeiro lugar no ranking regional, enquanto está na 225ª colocação na classificação mundial. A primeira posição global é ocupada pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), nos Estados Unidos. No Brasil, a instituição mais bem colocada na lista mundial é a Universidade de São Paulo (USP), na 132ª posição.
“Enquanto as universidades e os países no mundo árabe variam em seu desempenho, pode-se dizer que a educação superior no mundo árabe como um todo ainda está longe dos padrões internacionais na atividade de pesquisa globalmente reconhecida”, explicou Shadi Hijazi, analista sênior da unidade de inteligência da QS em entrevista por e-mail à ANBA.
“Com exceção da King Abdullah University of Science & Technology (Kaust), que não foi incluída no ranking por não ter programas de graduação, todas as universidades árabes mostraram pouquíssima produção de pesquisa. Mesmo as universidades árabes com maior produção de pesquisa, como a Universidade Americana de Beirute (AUB, na sigla em inglês), United Arab Emirates University, e a KFUPM, mostraram baixa produção de pesquisa na comparação com os padrões internacionais. Isso também afetou a reputação das universidades no meio acadêmico, resultando num baixo posicionamento nos rankings mundiais”, destacou Hijazi.
Segundo o analista da QS, o ranking das melhores universidades árabes levou em consideração também índices específicos para a região, como o impacto da internet e a reputação das instituições entre os empregadores locais.
“A reputação da AUB é excelente entre os empregadores no Líbano e na região, e os empregadores sempre buscam nossos estudantes para contratá-los”, informou o escritório de comunicações da universidade libanesa, também por email. A AUB foi classificada como a segunda melhor universidade do mundo árabe. No ranking mundial, ela ocupa a 249ª posição.
Segundo o órgão da AUB, o diferencial da universidade do Líbano é que ela “provê habilidades para o pensamento crítico e uma educação acadêmica geral que equipa os estudantes com competência para exercer qualquer trabalho.” A universidade libanesa tem cerca de oito mil alunos e oferece aproximadamente 120 cursos de graduação e pós-graduação. A Faculdade de Artes e Ciências e a Faculdade de Engenharia e Arquitetura têm os maiores números de matrículas na instituição, tanto nos cursos de graduação quanto nos de pós.
A formação do ranking árabe aponta ainda uma concentração das melhores universidades em poucos países. Apenas cinco nações da região sediam as dez melhores instituições entre os 22 países árabes: Arábia Saudita, Líbano, Egito, Emirados Árabes Unidos e Jordânia. Entre as quatro primeiras colocadas, três ficam na Arábia Saudita.
“Certamente há instituições de qualidade que oferecem boa qualidade de ensino na região. De uma perspectiva da formação do ranking, no entanto, nós focamos na diversidade internacional na universidade, produção de pesquisa e reputação na região”, destacou Hijazi.
“Os países do Golfo têm maior foco internacional, por causa da natureza de suas economias, que atraem expatriados. Além disso, pesquisa e o uso de internet demandam investimentos estratégicos, o que por sua vez melhora a reputação acadêmica da universidade. Assim, a melhor explicação para essa concentração são os fortes investimentos feitos pelo governo saudita e outros do Golfo na educação superior. Estes investimentos têm levado instituições jovens na região a competirem fortemente com nomes já estabelecidos”, afirmou o analista.
Ocupando o quinto lugar entre as melhores instituições árabes, a Universidade Americana do Cairo (AUC, na sigla em inglês), no Egito, tem 1.280 alunos matriculados em seus cursos de mestrado e doutorado, além de mais de 5,6 mil estudantes na graduação.
Segundo informações do Escritório de Análise de Dados e Pesquisa Institucional da universidade, a boa colocação entre as universidades da região “é graças à sua reputação acadêmica e entre os empregadores, além de seu ambiente multicultural, instalações de nível internacional e renomados professores egípcios e estrangeiros”.
No ranking mundial da QS, a AUC está na 360ª posição. A universidade egípcia oferece 36 cursos de graduação e 46 cursos de pós-graduação, incluindo dois programas de doutorado. Entre os estudantes de graduação, os cursos mais populares são os de Engenharia Mecânica e Administração de Empresas, já entre os cursos de pós, os mais populares são os de Administração de Empresas e Administração Pública.
Internacionalização
O ranking da QS analisou 259 universidades árabes, das quais cem foram listadas como as melhores da região. Para a consultoria, é importante destacar que nove destas instituições têm menos de dez anos, indicando investimentos recentes dos países na criação de novas entidades de qualidade no ensino superior. Entre as instituições “jovens”, a mais bem colocada é a Universidade Americana de Sharjah, criada em 1997 e que ocupa a sétima posição.
“Alguns países árabes têm investido na melhoria de sua educação superior e em suas universidades. Há, no entanto, fortes pressões demográficas vindas dos jovens. Assim, os países precisam de altos investimentos para melhorar tanto sua capacidade como sua qualidade, e para construir novas universidades. Isso pode ser difícil em países com recursos econômicos limitados, mas explica o ótimo desempenho das instituições mais jovens”, apontou Hijazi.
A presença de estudantes estrangeiros é outro fator analisado para a classificação das universidades. Nesse quesito, o idioma de ensino da instituição ajuda a atrair mais alunos internacionais. Na AUC, por exemplo, todos os cursos são ministrados em inglês, enquanto na AUB o inglês é a língua da maioria dos cursos, com exceção dos oferecidos pelo departamento de língua árabe. Portanto, a fluência em inglês é um dos principais requisitos para estudar nestas instituições.
Liderando o ranking da região, a Arábia Saudita atrai estudantes internacionais principalmente para seus cursos de pós-graduação, segundo o analista da QS. “As universidades no reino são geralmente grandes instituições públicas, então eles têm os alunos locais como prioridade. No entanto, algumas universidades sauditas, como a KFUPM e a King Abdulaziz University (KAU), têm uma boa proporção de estudantes internacionais na comparação com outros países da região. Outras universidades [sauditas] estão despendendo esforços em atrair estudantes estrangeiros, embora, principalmente de países islâmicos”, contou Hijazi.
Para quem tem interesse em estudar em uma universidade árabe, mas não tem recursos financeiros, é possível buscar bolsas de estudo. Na AUC, por exemplo, essa possibilidade é aberta a alunos egípcios e estrangeiros. “Estudantes nacionais e internacionais recebem ajuda financeira com base em suas necessidades econômicas e outros tipos de bolsas, ligadas à cultura, atletismo ou outro requisito. No período do outono de 2014, 3.171 alunos de graduação receberam bolsas”, informou a universidade.
Veja abaixo o ranking das 10 melhores universidades do mundo árabe da consultoria QS:
1º – King Fahd University of Petroleum & Minerals (Arábia Saudita)
2º – American University of Beirut (Líbano)
3º – King Saud University (Arábia Saudita)
4º – King Abdulaziz University (Arábia Saudita)
5º – American University in Cairo (Egito)
6º – United Arab Emirates University (Emirados Árabes Unidos)
7º – American University of Sharjah (Emirados Árabes Unidos)
8º- University of Jordan (Jordânia)
9º – Cairo University (Egito)
10º – Jordan University of Science and Technology (Jordânia)


