São Paulo – Mulheres pobres, muitas vezes com o marido e filhos mortos ou presos pelo exército de Israel. Para ficar mais fortes, elas se juntaram e, hoje, a União dos Comitês das Mulheres Palestinas já reúne seis mil membros. A organização foi criada em 1980 para apoiar a demanda de um estado palestino independente.
"Apoiamos a campanha do BDS (boicote, desinvestimento e sanções a Israel), a campanha contra o muro (na Cisjordânia). Estamos em muitas campanhas", conta Khitam Saafin, presidente da organização. "Participamos das atividades nacionais, defendendo nossos direitos e clamando por nossa liberdade em todos os tipos de atividades populares na Palestina", diz.
A União atua na Cisjordânia, Faixa de Gaza e Jerusalém. Saafin afirma que, para as mulheres, a situação de viver em uma terra ocupada é bem mais difícil. "Elas sofrem muito mais e assumem responsabilidades maiores, especialmente quando o chefe da família é um mártir ou está na prisão. A ocupação também afeta nossas vidas economicamente", destaca.
Ela relata que as palestinas têm que enfrentar desafios e assédios diariamente. "Um dia, suas terras são tomadas (por colonos israelenses) ou suas casas são demolidas. Há vezes em que não podem visitar suas famílias, não podem se comunicar com seus filhos, precisam passar pelos checkpoints. As políticas e estratégias de ocupação nos afetam em nossa condição de mulheres", explica.
"Isto faz com que elas acreditem que tem que ser fortes para enfrentar estes problemas, tomar conta de seus filhos, de suas famílias, ser forte o suficiente para enfrentar o checkpoint para ir para seu trabalho, para apoiar seus maridos e os homens da família na prisão. As mulheres palestinas estão sob forte pressão, mas também estão se fortalecendo para enfrentar estes desafios", conta a ativista.
Saafin e outras seis mulheres do grupo foram a Porto Alegre na última semana para participar do Fórum Social Mundial Palestina Livre. Para ela, é importante que a causa palestina receba o apoio da sociedade civil internacional. "Esta é uma boa oportunidade para nosso povo vir aqui, interagir e apresentar a situação na Palestina e também discutir com os movimentos sociais do mundo estratégias e ações que podem ser tomadas no futuro para nos apoiar", afirma.
Sobre a decisão da Assembleia Geral da ONU em admitir a Palestina como Estado observador, ela considera um passo importante, mas que significa apenas um começo.
"Isto dá oportunidade ao nosso povo para buscar novos avanços, especialmente na lei internacional, mas não expressa uma independência real de um estado soberano. Isto não acontecerá sem que continuemos nossa luta para conquistar um Estado da Palestina realmente independente", completou.

