São Paulo – Foi realizada na manhã desta terça-feira (15), na embaixada da Palestina, em Brasília, uma cerimônia para marcar os 70 anos da Al-Nakba, ou “A Catástrofe”, em árabe, como são chamados pelos palestinos os eventos de 15 de maio de 1948, quando mais de 700 mil palestinos foram expulsos ou fugiram de suas terras, após a criação do Estado de Israel, anunciada oficialmente um dia antes.
O embaixador do Catar em Brasília, Mohammed Al-Hayki, falou em nome da Liga dos Estados Árabes, na condição de vice-decano do Conselho dos Embaixadores Árabes no Brasil, pois o decano, o embaixador da Palestina, Ibrahim Alzeben, está em viagem.
Segundo informações da assessoria de imprensa da embaixada do Catar, compareceram ao evento representantes da comunidade diplomática em Brasília (foto acima), como outros embaixadores árabes, a diretora do Departamento do Oriente Médio do Itamaraty, Ligia Maria Scherer, e o subsecretário-geral para África e Oriente Médio do Ministério das Relações Exteriores, Fernando Abreu, além de membros da Sociedade Árabe Palestina de Brasília. O Brasil reconhece a Palestina como estado independente.
A cerimônia ocorreu um dia depois de 60 palestinos serem mortos pelas forças armadas israelenses durante protesto realizado na fronteira da Faixa de Gaza com Israel, enquanto autoridades israelenses e dos Estados Unidos participavam da inauguração da nova embaixada dos EUA, transferida de Tel Aviv para Jerusalém.
Al-Hayki lamentou e condenou a violência, qualificando-a de um “massacre terrível”. “A Causa Palestina não é apenas uma causa política. É uma causa humanitária e ética, que requer a união de todos os esforços, visando reativar os acordos e as resoluções internacionais relacionadas ao estabelecimento de um Estado Palestino, cuja capital é Jerusalém”, disse o diplomata catariano em discurso. “Não posso deixar de registrar os nossos agradecimentos à República Federativa do Brasil e ao povo brasileiro amigo pelas posições de apoio à Causa Palestina nos diversos fóruns mundiais”, acrescentou.
Em comunicado divulgado segunda-feira (14), o governo brasileiro manifestou “grande preocupação com o aumento da violência na Faixa de Gaza”. “Ao expressar condolências às famílias das vítimas e formular votos de plena recuperação aos feridos, o governo brasileiro conclama as partes à moderação e insta Israel a respeitar a plena observância do direito internacional e do direito internacional humanitário”, afirmou o Itamaraty.
Em nota à imprensa, o embaixador Alzeben afirmou que este “é um momento de tristeza, de luto pelas dezenas de palestinos assassinados pelo exército israelense”. “Este é também um momento de resistência, de dizer que o povo palestino não abandonará seus direitos. Pedimos uma solução pacífica e não militar, baseada no direito internacional, para criar um Estado Palestino independente, com Jerusalém Oriental como capital. Queremos o cumprimento das resoluções da ONU, que aguardam serem efetivadas há 70 anos”, destacou.
Após o ato, foi plantada uma oliveira no jardim da embaixada da Palestina.