São Paulo – Foi lançada nesta quarta-feira (16) pela noite em Brasília a Declaração do Reino do Bahrein, um documento no qual o rei Hamad bin Isa Ali Khalifa reforça princípios de paz, liberdade e fé. Um evento marcou o lançamento oficial da declaração para a América Latina com a presença do membro da família real do Bahrein, Khalid bin Khalifa Alkhalifa, e do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (os dois na foto acima). O presidente aproveitou a ocasião para anunciar os preparativos para a abertura de uma embaixada brasileira no Bahrein.
De acordo com informações divulgadas pela embaixada do Bahrein no Brasil, o objetivo do lançamento é promover a paz entre as nações e uma convivência saudável entre povos de diferentes religiões e crenças. “A ignorância é inimiga da paz. Logo, é nosso dever aprender a compartilhar e a vivermos, juntos, pelos princípios da fé, em espírito de amor e respeito mútuo”, diz o rei no texto.
O documento discorre sobre cinco valores, que são fé e expressão religiosa, liberdade de escolha, determinação da vontade de Deus, direitos e deveres religiosos, além de expressão da fé. O texto foi elaborado em 2017 pelo rei do Bahrein. Segundo informações divulgadas pela embaixada, o país árabe coloca o respeito à fé e a outras religiões como direito inalienável do ser humano e rejeita a imposição da observância religiosa.
A declaração repudia o terrorismo, a pregação do ódio e da violência por clérigos extremistas, o incentivo à radicalização, os atentados suicidas, a violência sexual e abuso de mulheres e crianças. “Todo e qualquer indivíduo tem a liberdade de praticar a sua religião, desde que não faça mal ao outro, respeite as leis do país e aceite responsabilidade espiritual e material por suas escolhas”, diz parte do texto do documento.
O documento afirma que todos têm papel ativo na criação de um ambiente inclusivo, que promova a respeito mútuo e a cooperação. A declaração pede que a fé seja um alicerce para a paz no mundo. O membro da família real do Bahrein que lançou o texto em Brasília é presidente da delegação de uma iniciativa para a paz do Bahrein, o King Hamad Global Centre for Peaceful Coexistence.
O evento de lançamento ocorreu no Hotel Royal Tulip e reuniu autoridades, entre elas o chanceler brasileiro Ernesto Araújo, o presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, Eduardo Bolsonaro, o ministro do Turismo, Gilson Machado, o presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Rubens Hannun, o secretário-geral da Câmara Árabe, Tamer Mansour, e o encarregado de negócios da embaixada do Bahrein em Brasília, Bader Alhelaibi, entre outras lideranças.
Hannun disse à reportagem da ANBA que a iniciativa do Bahrein é muito adequada e mostra um movimento pela tolerância. O fato de terem escolhido o Brasil para lançar a declaração na América Latina também tem simbolismo, segundo o presidente da Câmara Árabe. “Fazer o lançamento aqui representando os países latino-americanos significa dar ao Brasil o lugar que é do Brasil”, disse Hannun, lembrando que os países árabes vêm conferindo ao País um papel de liderança na região.
Durante o evento de lançamento, as cores da bandeira do Bahrein foram projetadas sobre a estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, o que foi transmitido ao vivo em um telão no evento em Brasília. Em sua passagem pela capital federal, o membro da família real Alkhalifa também visita a Igreja Ortodoxa Antioquina de São Jorge e a Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida.
Ao abrir uma embaixada em Manama, conforme anúncio do presidente Jair Bolsonaro, o Brasil passará a ter base diplomática em todos os países do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC, na sigla em inglês), que são seis. Atualmente já há embaixadas brasileiras nos Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Kuwait, Catar e Omã, apenas não há no Bahrein. A embaixada na Cidade do Kuwait atualmente responde pelo Bahrein.