São Paulo – A balança comercial brasileira começou 2015 com déficit de US$ 3,174 bilhões. Os dados do mês passado foram divulgados nesta segunda-feira (02) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e mostra que tanto as exportações como as importações caíram.
O Brasil exportou o equivalente a US$ 13,704 bilhões em janeiro, ou US$ 652,6 milhões por dia útil. Pela média diária, as exportações caíram 10,4% em relação a janeiro de 2014. As compras externas somaram US$ 16,878 bilhões e foram 12% menores do que há um ano, também pela média diária.
Caíram as vendas externas de produtos básicos e de manufaturados, mas cresceram os embarques de semimanufaturados.
Entre os manufaturados, as principais reduções foram registradas nas exportações automóveis, óleos combustíveis, motores e geradores, hidrocarbonetos, tubos de ferro fundido, etanol, máquinas para terraplanagem, polímeros plásticos, papel e cartão, autopeças, motores para veículos e suco de laranja concentrado. Entre os básicos, recuaram especialmente as vendas de minério de ferro, carne bovina, carne suína, farelo de soja e carne de frango.
Já entre os semimanufaturados, os maiores aumentaram principalmente as vendas de semimanufaturados de ferro/aço, ferro fundido, madeira serrada, óleo de soja em bruto e ouro em forma semimanufaturada.
Entre os mercados de destino, caíram as vendas para quase todas as regiões, com exceção do Oriente Médio. As exportações para os países do Oriente Médio atingiram US$ 846 milhões e foram 11,9% maiores do que as de janeiro do ano passado. Para a região aumentaram, principalmente, os embarques de milho em grão, açúcar refinado, minério de ferro, óxidos e hidróxidos de alumínio, farelo de soja, trigo em grão e máquinas para terraplanagem.
Déficit menor
O presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, afirmou que o resultado de janeiro tem pequena interferência sobre o desempenho do ano, porque neste mês ainda não começaram os embarques da nova safra de soja, um dos principais produtos exportados pelo País.
Ele afirmou que o desempenho da balança comercial de janeiro de 2015 foi melhor do que o de janeiro de 2014, quando o saldo ficou negativo em US$ 4,068 bilhões, e observou que houve crescimento nas exportações e queda nas importações de petróleo, devido ao aumento da produção da commodity em território nacional.
“Esse desempenho não deverá se manter o ano inteiro, pois há paradas previstas para manutenção de plataformas em 2015. Esperamos que no fim de 2015, as exportações de petróleo tenham crescido entre 15% e 20%. O Brasil ampliou suas exportações de petróleo, mas não se beneficiou tanto disso porque o preço caiu 45%, o que limitou os ganhos”, disse. Essa condição, afirmou, também se observa nas vendas de outras commodities que estão, de uma forma geral, com preço baixo.
Com relação ao desempenho do Oriente Médio nas compras de produtos brasileiros, Castro observou que as exportações para a região são pequenas em comparação com o total e, por isso, pequenas alterações de compra e venda apresentam grande oscilação. “Talvez, o crescimento das vendas tenha relação com o desempenho da venda das commodities para aquela região”, disse. As exportações ao Oriente Médio correspondem a 6,1% do total.
Importações
Entre as importações, as compras de combustíveis e lubrificantes caíram 28,4%, de bens de consumo foram 14,2% menores, de bens de capital recuaram 8% e de matérias-primas e intermediários tiveram redução de 7%. Importações brasileiras de produtos do Oriente Médio caíram 63,8%, em razão de menos compras de petróleo em bruto, óleos combustíveis, querosene de aviação, ureia, adubos e fertilizantes, partes e peças de aviões e medicamentos. Houve redução das compras de todas as regiões, com exceção de outros países da América Latina e Europa Oriental.
Castro afirmou que a AEB mantém a projeção feita em dezembro de superávit de US$ 8,1 bilhões em 2015, devida principalmente à queda nas importações e não ao aumento das exportações. “Com as medidas anunciadas recentemente pelo governo (entre elas, aumento de taxas sobre produtos importados), essa tendência fica mais clara”, afirmou. O setor prevê que o câmbio deverá encerrar o ano com o dólar cotado a R$ 2,80.
Ainda de acordo com o MDIC, os principais fornecedores do Brasil em janeiro foram: China, Estados Unidos, Alemanha, Argentina e Coreia do Sul. Já os maiores compradores no período foram Estados Unidos, China, Argentina, Países Baixos e Alemanha.


