São Paulo – O desafio é aumentar a produtividade. E isso administrando melhor a produção e usando técnicas mais eficientes no pasto para assim ganhar espaço com a venda de leite para o Brasil e exterior. No que depender dos pequenos produtores dos arredores de Marília, no interior de São Paulo, a 450 quilômetros da capital, não vão faltar baldes cheios da bebida quentinha e saborosa. Ao todo, são 18 municípios envolvidos num projeto que teve início em 2007, com o apoio do Sebrae local, o Lucra Leite. A região já foi o principal pólo produtor do estado, posto que hoje pertence à Paraibuna, a 120 quilômetros da capital, e redondezas.
"Temos um clima bom, com ótimo índice pluviométrico, solo de qualidade e facilidade de escoamento da produção por rodovias duplicadas e em boas condições, como a Castelo Branco e a Raposo Tavares", explica o produtor João Luiz de Andrade, da Associação de Produtores de Leite de Tupã, a 70 quilômetros de Marília. "Temos tudo para ganhar escala de produção, melhorar a qualidade do leite produzido e até exportar no futuro", afirma ele. Os árabes seriam clientes potenciais lá fora? "Por que não? Precisamos de logística, qualidade e quantidade para atingir o mercado internacional", diz.
Segundo ele, iniciativas como o Lucra Leite já surtem efeito, o que pode ser observado, entre outros fatores, pelo aumento no preço médio do litro da bebida. "Antes recebíamos R$ 0,55 pelo litro", conta. "Agora chega a R$ 0,80 o litro", diz Andrade.
A gestora do projeto Lucra Leite no Sebrae de Marília, Cristiane Souza Aguiar, explica que a iniciativa surgiu em 2007 e tem como objetivo melhorar a tecnologia, organização social, gestão e acesso ao mercado entre os produtores da região. "Desenvolvemos ações como a redução dos custos com capim, o melhor uso do solo e como ter mais vacas em lactação ao longo do ano, por exemplo", afirma.
De acordo com ela, os empreendedores do leite em Marília têm todas as condições para exportar. "A qualidade do produto é muito boa", afirma. "E eles são em número suficiente para garantir escala de produção, já que 90% dos pequenos produtores agrícolas da região trabalham com leite", conta.
O Brasil é hoje o quinto colocado no ranking mundial de produção de leite, atrás da União Européia, Estados Unidos, Índia e Rússia. Ao todo, 1,3 milhão de propriedades respondem por 29 bilhões de litros ao ano.