São Paulo – A banana-prata está pronta para chegar aos lares do Oriente Médio. Pelo menos no que depender dos produtores da região do Jaíba, no norte de Minas Gerais, o primeiro contêiner com as frutas deve ser exportado já em janeiro de 2011.
Além dos árabes, os europeus também são alvo do produto brasileiro. "O mercado externo não conhece a banana-prata", diz Jorge Duarte de Oliveira, diretor da Central Exporta Minas, órgão do governo mineiro responsável pelo fomento às exportações. "Há negociações em curso com Inglaterra, Alemanha, Holanda e Emirados", revela o executivo.
Atualmente, o Brasil exporta a banana-nanica ou caturra, enquanto o tipo prata, que é produzida somente no país, é considerada de sabor exótico. Oliveira conta que levou a fruta a feiras na Alemanha e em Dubai para serem experimentadas pelos potenciais importadores. Segundo ele, houve uma boa aceitação do produto. "Ela tem um sabor intenso, qualidades nutricionais melhores e melhor digestibilidade. Após ser cortada, ela também não escurece, o que é muito bom para o mercado que trabalha com frutas processadas", explica.
A região do Jaíba é a maior produtora de banana-prata do Brasil, sendo responsável pela colheita de 280 mil toneladas por ano desta fruta, resultado do trabalho de aproximadamente 250 produtores. A oportunidade para exportar foi identificada no início deste ano, quando a Central Exporta Minas iniciou um projeto para estudar em detalhes o mercado e a logística internacional de produtos perecíveis, com foco nas frutas.
O trabalho teve o apoio do Banco Mundial, que está colaborando para o início das exportações. A instituição contribuiu com US$ 300 mil, usados na contratação de 11 consultores, participação em feiras e rodada de negócios e no projeto de um centro de perecíveis para a região do Jaíba. O projeto inclui ainda a Central dos Fruticultores do Norte de Minas (Abanorte).
Segundo Oliveira, ainda há alguns pontos a serem ajustados, como a questão do transporte, com contêineres marítimos especiais para o carregamento da banana-prata e outros requisitos necessários para que a fruta chegue em bom estado ao outro lado do Atlântico. Para isto, foi desenvolvida uma parceria com a CeasaMinas e a Universidade Federal de Lavras.
De acordo com o diretor da Central Exporta Minas, uma das grandes vantagens da produção da banana-prata brasileira, colhida no Jaíba, é que a região, por ser muito irrigada, tem condições de produzir a fruta durante os 12 meses do ano. "Nenhum outro país tem essa capacidade", destaca.
Além de ser uma opção de vendas para a entressafra do mercado interno, a exportação da fruta também deve regular o preço do produto no Brasil. Em 2009, o preço da caixa de 22 quilos variou entre R$ 26 (entressafra) e R$ 8 (safra). Segundo Dirceu Colares, presidente da Abanorte, o preço esperado para exportação é de US$ 10. "A banana oscila muito de preço. Se a gente conseguir exportar, acreditamos que vai diminuir essa oscilação", explica. Para Colares, que também é produtor, a expectativa é de exportar 10% da produção de banana-prata.
Além da banana-prata, a região também produz limão-taiti, que já é exportado para os árabes, e a manga-palmer, próximo produto que deve entrar na pauta de exportações para o Oriente Médio. "É uma manga premium, sem fibra, e que demanda logística aérea", explica Oliveira. Ele diz que estas três frutas são o foco de ação prioritário para o mercado árabe, mas que há ainda a possibilidade de trabalhar frutas exóticas como a atemóia, uma variedade da fruta-do-conde, porém maior e com menos sementes, além da goiaba e de polpas de fruta para indústrias.

