Cairo – O Banco Central do Egito decidiu que o país vai aceitar apenas cartas de crédito, também conhecidas como créditos documentários, na execução de operações de importações a partir do início de março deste ano. Há exceção somente para filiais e subsidiárias de empresas estrangeiras no Egito, das quais serão aceitos outros documentos de cobrança para mercadorias que já foram embarcadas antes da medida.
O Banco Central disse em carta enviada nesta segunda-feira (14) aos bancos que atuam no mercado egípcio, da qual a reportagem da ANBA no Cairo obteve cópia, que a decisão vem no quadro das orientações do Conselho de Ministros sobre a governança do processo de importação, além de ativar o sistema de pré-registro de embarque.
Dois importadores membros das câmaras de comércio egípcias, que não quiseram ser identificados, pediram que o Banco Central reconsidere as orientações aos bancos, emitidas em 12 de fevereiro. As fontes destacaram que a decisão não está em harmonia com os esforços do país em relação à sua situação regional e internacional, representada nas políticas comerciais, especialmente as voltadas ao comércio exterior.
Lembrando dos últimos desdobramentos das relações internacionais egípcias, como a reclamação da União Europeia aos procedimentos exigidos pelo Egito em relação ao registro de importações, os empresários pedem a reconsideração e reversão da decisão o mais rápido possível. Eles acreditam que a medida poderá ter efeitos negativos ao confundir o mercado e perturbar mecanismos de oferta e procura.
Os importadores acreditam que a exigência pode resultar em aumento dos preços das commodities de forma que não corresponde à maioria das capacidades de compra locais. Eles lembram que as importações têm importância no processos produtivos do Egito, com commodities intermediárias e primárias, matérias-primas e embalagens, tendo reflexos positivos na capacidade exportadora do país, atraindo investimentos estrangeiros, criando oportunidades de trabalho e contribuindo para elevar o padrão de vida do cidadão, de acordo com a visão da nova república.
As duas fontes apontaram que a estrutura das importações egípcias é atualmente uma estrutura desenvolvimentista pois o maior percentual de compras no mercado internacional é de bens de produção, seja intermediários ou para investimento, e matérias-primas. Esses variam entre 70% e 72% do total de importações não petrolíferas do Egito nos últimos três anos. Importações de bens de consumo necessários, como medicamentos, carnes, peixes congelados, laticínios e outros, representam em média 21% do total de importações não petrolíferas.
As duas fontes destacaram que a continuidade das restrições administrativas e medidas protecionistas em geral acarretam sérios prejuízos aos produtores egípcios, principalmente às pequenas e médias empresas. Ele acreditam que a produção local não vai conseguir atender às necessidades do mercado diante das altas taxas de demanda doméstica.
*Traduzido do árabe por Ahmed El Nagari