São Paulo – Bancos de fomento e de desenvolvimento serão fundamentais para ajudar a promover o crescimento e garantir estabilidade política em países que passaram pela Primavera Árabe. Essa foi uma das conclusões a que chegaram os participantes do painel sobre Primavera Árabe realizado nesta quinta-feira (13) no Fórum Econômico Árabe Europeu em Beirute, no Líbano. Em outros dois painéis deste segundo e último dia do fórum, foram discutidos investimentos em pequenas e médias empresas e projetos de energia renovável.
De acordo com o diretor geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Michel Alaby, os convidados a debater no painel sobre Primavera Árabe afirmaram que deverá demorar muitos anos ainda para que os governos do Egito, Líbia, Iêmen e Tunísia consigam estabilizar seus países e criar instituições que garantam a segurança política para a população, para investidores estrangeiros e que permitam o crescimento econômico.
Para que isso seja possível, instituições de financiamento e os países do Conselho de Cooperação do Golfo (Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Omã) terão papel fundamental. Afinal, será a partir de financiamentos do Fundo Monetário Internacional (FMI), do Fundo Islâmico de Desenvolvimento e do Banco Islâmico de Fomento que os países afetados pelas trocas de poder poderão investir em obras de infraestrutura para criação de empregos e até em serviços básicos à população, como o de saúde pública.
No painel sobre energia renovável e sustentabilidade, o Marrocos apresentou seus projetos de energia solar, um deles já em funcionamento, e o Catar revelou que desenvolve 12 estudos de usinas solares para produção de energia que será utilizada na dessalinização de água. O chefe do Fundo Global para Eficiência Energética e Energia Renovável do Banco Europeu de Investimentos, Cyrille Arnould, afirmou que a instituição tem US$ 2 bilhões para financiar projetos de energia renovável em países árabes.
No outro painel do dia, sobre investimentos em parcerias, micro e pequenas empresas e infraestrutura, o chefe da delegação da United Nations Investment for Development Medium and Small Companies (Unido), Hashem Hussein, afirmou que a instituição apoia 38 projetos de incubadoras, ou seja, de empresas que ainda não estão no mercado, mas tem potencial para crescer. Além disso, a Unido apoia projetos químico e petroquímico em países do Golfo.
Apoiar esses projetos inovadores, contudo, não tem sido fácil na África. Segundo Alaby, a Unido afirmou que não atua nos países do Norte da África por falta de capacitação dos governos locais. Um grupo francês reclamou da falta de transparência de alguns governos árabes e disse que países da região não garantem a segurança jurídica necessária para operar neles.

