São Paulo – Representantes de bancos brasileiros conheceram com detalhes a realidade e os principais movimentos do setor financeiro nos países árabes por meio do workshop Tendências em finanças e investimentos nos países árabes, promovido pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira nesta terça-feira (18) em sua sede, na capital paulista. No evento, foi apresentado um panorama dos 22 países árabes e o setor financeiro das regiões do Golfo, Levante e Norte da África. Também foram tratados temas como as finanças islâmicas, os fundos de investimentos árabes, a inovação e a diversificação da pauta nesses mercados.
Participaram o assessor técnico especialista da diretoria de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Marcelo Lima; o head de Relacionamento Internacional com correspondentes bancários no Itaú BBA, Carlos Araújo, a CEO do First Abu Dhabi Bank, Angela Martins (foto acima), e outros representantes de instituições financeiras no Brasil, como Santander Brasil e XP Investimentos.
A diretora de Relações Institucionais da Câmara Árabe, Fernanda Baltazar, conduziu a reunião, que contou com a presença virtual de Dennis Gabriele, head de Governança e Produtos do Qatar National Bank Group, que fica em Doha.
O gerente do departamento de Inteligência de Mercado da Câmara Árabe, Marcus Vinicius, apresentou as tendências do setor financeiro e investimentos nos países árabes. Os 22 países da Liga Árabe somam um PIB de US$ 3,56 trilhões. O bloco é o quarto maior exportador e importador mundial e o terceiro parceiro das exportações e importações brasileiras.
Marcus informou que há tendências de inovação como o aumento de investimentos e apoio a startups de bancos digitais, pagamentos móveis e tecnologia blockchain; a diversificação da pauta é elemento vital para a diminuição da dependência do petróleo e gás, desenvolvendo outros setores, entre eles, o de finanças, com centros financeiros regionais e atração de investimentos internacionais. Outros investimentos substanciais estão sendo feitos em infraestrutura, em setores como de transporte, energia, imóveis e desenvolvimento urbano.
As finanças islâmicas foram outro tema abordado na reunião. Segundo Marcus, os países árabes são líderes em finanças islâmicas, que envolvem bancos islâmicos, os títulos islâmicos (sukuks) e seguros islâmicos (takaful) e são aspectos proeminentes do cenário financeiro da região. No entanto, Angela Martins informou que nem todo banco árabe é islâmico, e que eles podem se adaptar e trabalhar de diversas formas, de acordo com o país com que estão realizando negócios.
Dennis Gabriele falou sobre como a inovação tem desempenhado importante papel no setor financeiro dos países do Golfo e as principais tendências de investimentos desses mercados. Segundo ele, o grande potencial do Brasil está nos setores de agricultura, infraestrutura, imobiliário, energias renováveis e tecnologia e inovação, com possíveis e atraentes investimentos em terras agrícolas, agronegócio e processamento de alimentos; nas áreas de transporte, energia e telecomunicações; em imóveis residenciais e comerciais; em startups, fintechs e soluções digitais; em energia hidrelétrica, eólica e solar.
“Vejo este evento como um primeiro passo para eventos maiores, e quem sabe até um curso com informações detalhadas para os bancos brasileiros enxergarem as oportunidades de negócios [com os árabes]. Este é só o início. Há muita coisa para fazer. Contem com nosso apoio, inclusive para engajar outras entidades de classe”, disse Marcelo Lima.
Angela Martins afirmou que, para ter uma maior interação com o mercado árabe e os bancos árabes, os bancos brasileiros precisam ir atrás das oportunidades e conhecer a cultura árabe, saber que há muitas diferenças entre os 22 países árabes e as regiões do Golfo, Levante e Norte da África, assim como há diferenças entre o Brasil e seus vizinhos latino-americanos, como Venezuela e Chile.