Da redação
São Paulo – O Banco Central do Iraque deu permissão para que três bancos estrangeiros passem a operar no país: o HSBC, o Banco Nacional do Kuwait (NBK, na sigla em inglês) e o britânico Standard Chartered. É a primeira vez que instituições financeiras internacionais voltam a funcionar no país desde 1964, quando o setor foi nacionalizado, informaram agências internacionais.
Segundo o assessor do presidente do BC iraquiano, Sinan al-Shabibi, os bancos devem começar a operar até o final deste ano. "E outras três licenças para instituições estrangeiras serão anunciadas em breve", declarou, de acordo com o jornal libanês Daily Star.
A autoridade monetária do Iraque convidou seis bancos internacionais a se candidatarem a licenças de até seis anos no país. A exigência era a de que cada instituição mantivesse pelo menos US$ 25 milhões no sistema financeiro local.
A escolha do HSBC, do Standard Chartered e do NBK foi feita "para prosseguir com o processo de licenças de bancos estrangeiros", disse al-Shabibi. Segundo ele, o BC "vai se reunir em breve com essas instituições para explicar outros elementos técnicos s procedimentos para a autorização de funcionamento. Mas já antecipamos que as licenças serão dadas até março".
O executivo informou ainda que os bancos deverão começar a operar até "31 de dezembro de 2004". "Essas instituições trarão ao país práticas bancárias modernas, capital e know-how", acrescentou. Para o consultor executivo Joe Sarrouh, do Fransabank, de Beirute, no Líbano, o BC optou por levar ao Iraque bancos que já tivessem expertise em outros mercados fora de seus países de origem.
Bancos já atuam no Oriente Médio
Os três bancos escolhidos já possuem operações no Oriente Médio. O HSBC, segunda maior instituição financeira do mundo por valor de mercado, atua em outros 12 países da região.
O Standard Chartered tem se expandido pelo Oriente Médio e pela Ásia. Recentemente, por exemplo, começou a funcionar também no Afeganistão. O Banco Nacional do Kuwait, controlado pelo governo, é um dos maiores do Golfo Arábico.
Os bancos estrangeiros foram banidos do Iraque em 1964, quando o país passou a ser governado por um partido socialista. Saddam Hussein assumiu a presidência em 1979, depois de um golpe, e manteve a proibição. Apenas na década de 1990, o ditador reviu a decisão e passou a permitir a participação de instituições estrangeiras.
Mas 13 anos de sanções das Nações Unidas, motivadas pela declaração de guerra do Iraque ao Kuwait, em 1990, afastaram as companhias internacionais. Além disso, poucos confiavam no sistema bancário iraquiano, que era controlado pelo governo. A maior parte da população do país, de cerca de 30 milhões de pessoas, mantinha seu dinheiro em casa ou em bancos da Jordânia e do Líbano.
As novas instituições que passarem a operar no Iraque vão encontrar um sistema arcaico, desacreditado e parcialmente destruído. A segurança também é um problema. Não se sabe, por exemplo, se os bancos irão abrir suas agências na capital Bagdá ou se escolherão locais mais seguros, como o Kurdistão.
Especialistas, porém, acreditam que vale a pena. "O Iraque é definitivamente muito interessante. Estamos falando de um mercado de bilhões de dólares, porque eles precisam de tudo.Todo mundo quer entrar", afirma Joe Sarrouh.

