São Paulo – A bitributação do imposto de renda, assim como a burocracia e a taxa de câmbio, foram apontadas como alguns dos principais entraves à internacionalização das empresas brasileiras presentes no seminário “Internacionalização de Empresas Brasileiras”, realizado hoje (07), na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
O evento reuniu grandes empresas brasileiras que têm operações em outros países, como Embraer, Marcopolo, Petrobras, Vale, Alpargatas, entre outras, além de representantes do governo, como o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, e o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, além de instituições ligadas à área econômica.
Alberto Pinto Souza Júnior, assessor especial da Secretaria da Receita Federal, disse que o Brasil precisa estar atento ao criar regras para desonerar as exportações, pois está sendo observado pelos outros países e pela Organização Mundial do Comércio (OMC). “O Brasil é observado e a norma interna é observada pelo mundo inteiro”.
Já Alessandro Teixeira, presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), considera a alta competitividade dos mercados maduros como um dos maiores empecilhos à internacionalização das empresas nacionais. Segundo ele, 45% das transnacionais brasileiras se internacionalizaram para aumentar seu mercado de exportação.
José Carlos Martins, diretor-executivo da Vale, preferiu ressaltar as vantagens de se manter operações no exterior. O executivo apresentou estimativas que dizem que a cada dólar investido diretamente no exterior, geram-se dois dólares de exportação nos países emergentes. Outras vantagens seriam a redução do custo de operações de capital para investimento no próprio país sede, a atração de investimentos estrangeiros para o país sede por meio de joint-ventures e a abertura de mercado a parceiros nacionais.
Como desafio, Martins citou a grande distância geografia do Brasil em relação aos mercados norte-americano, europeu e, principalmente, asiático.
O diretor da Área Internacional da Petrobras, Jorge Luiz Zelada, disse que a empresa ainda está em fase inicial de internacionalização se comparada a outras companhias brasileiras, mas espera que o pré-sal posa gerar uma grande gama de produtos exportáveis.
Horácio Forjaz, vice-presidente executivo de Assuntos Corporativos da Embraer, destacou as especificidades do mercado de aviões, como a baixa escala de produção, a intensividade de capital e a necessidade de mão-de-obra altamente qualificada, para explicar que “a indústria aeronáutica precisa ser exportadora, ela não consegue se manter produzindo somente para o país”.
O CEO da Marcopolo, José Rubens de la Rosa, fabricante de carroceria de ônibus, destacou a necessidade do apoio governamental. “O governo pode ajudar as empresas a conhecerem os riscos de investimentos dos países nas quais elas querem investir.”