Brasília – O secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, afirmou nesta quarta-feira (11) que o apagão que deixou dez estados brasileiros no escuro teve origem em função de condições meteorológicas adversas. Em entrevista coletiva nesta manhã, ele afirmou que os problemas ocorreram em três linhas de transmissão, que recebem energia vinda da usina hidrelétrica de Itaipu, no Paraná. Ontem (10), às 22h13, uma pane no sistema elétrico interligado brasileiro provocou o apagão por efeito dominó, afetando inclusive o sistema paraguaio, que teve o fornecimento de energia interrompido.
Segundo o secretário, as panes ocorreram em duas linhas que ligam a cidade de Ivaiporã, no centro do Paraná, a Itaberá, no sul de São Paulo. E outra, em uma estação que liga Itaberá a Tijuco Preto, também no estado de São Paulo.
A energia, segundo o secretário, foi restabelecida quatro horas depois do começo do blecaute, que teve início às 22h13 de terça-feira (10). “Não há danificação de equipamentos. Houve uma frente [fria] muito forte, com ventos e chuvas muito fortes, concentradas em Itaberá”, explicou. A cidade recebe circuitos da usina hidrelétrica de Itaipu e redistribui energia para outras regiões.
Zimmermman destacou, porém, que as causas do apagão ainda não foram exatamente definidas. A origem do problema deverá ser apresentada em reunião marcada para às 17h, no Centro Nacional de Operação do Sistema Elétrico (CNOS).
"Foi uma perturbação. Agora, se faz uma análise bastante aprofundada da área com o Operador Nacional do Sistema (ONS). O ministro determinou ontem a convocação emergencial do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, que será realizada hoje às 17h", disse Zimmermann. "Há todo um esforço do setor para analisar as causas e tomar as medidas necessárias para minimizar esse tipo de situação", completou.
Sem adiantar a causa exata, o secretário-executivo apontou que o problema, a princípio, teria ocorrido após o sistema acionar mecanismos de defesa. "Todo o sistema de transmissão cria uma situação que pode fazer o circuito desarmar uma linha e não causar nada. Nesse caso, tivemos uma tripla contingência. O sistema para se proteger aciona uma série de mecanismos de proteção para salvaguardar. Prova disso é que quatro horas depois você tinha toda a carga religada no Brasil", destacou.
Zimmermann também afastou a possibilidade de o problema ter sido causado por alguma sabotagem. Questionado se a falta de investimento no setor elétrico pode ter contribuído com o apagão, o secretário negou. Segundo ele, o sistema elétrico sempre está sujeito a essas perturbações. "O país hoje é o que tem o sistema mais interligado do mundo. O Brasil vem investindo pesadamente em um sistema de transmissão robusto. Aumentamos a interligação", disse.
Para o professor da Coppe, no Rio de Janeiro, Luiz Pinguelli Rosa, a questão é reforçar os investimentos em sistemas inteligentes, que consigam ilhar os problemas e evitar o efeito dominó de ontem. "Precisamos investir na gestão de transmissão de longas distâncias para termos redes mais eficientes", diz. Segundo Pinguelli, o Brasil tem praticamente uma "Arábia Saudita hidrelétrica no país", mas, mesmo assim, é preciso ter outras fontes de geração de energia e localizadas mais próximas dos grandes centros.
Apagão de 2001
Zimmermann descartou qualquer semelhança entre o apagão de 2001, que provocou o racionamento de energia no país, com o ocorrido na noite passada. "A situação que ocorreu em 2001 era falta de energia. O que se teve agora é uma situação que não tem problema de falta de energia, foi um problema elétrico que levou a essa perturbação", explicou.
Segundo ele, há oito anos faltava investimento no setor elétrico brasileiro. "Não tinha o investimento necessário em transmissão e geração, o que levou àquela situação que o país teve que racionar. Era contínuo, porque não tinha geração para atender."
Na manhã desta quarta-feita, a empresa Furnas Centrais Elétricas informou que as linhas de transmissão que interligam a usina de Itaipu ao Sistema Interligado Nacional (SIN) estão operando normalmente e não foi identificado qualquer dano nos seus circuitos e torres de transmissão.
Itaipu
Na madrugada de hoje (11), a Itaipu Binacional informou que a causa do blecaute, ocorrido em vários estados das regiões sudeste e centro-oeste, não teve origem na hidrelétrica. De acordo com a nota, a hipótese mais provável é que tenha havido algum acidente que afetou um ou mais pontos do sistema de transmissão, inclusive o de Furnas, responsável por levar a energia de Itaipu para o sul e sudeste.
A nota confirma que imediatamente após o blecaute a usina estava com as máquinas ligadas, “girando no vazio, porém sem possibilidade de transmitir energia, pois as linhas de transmissão que conectam Itaipu ao sistema brasileiro estavam desligadas”. Informa ainda que em 15 minutos o sistema paraguaio já estava sendo suprido por Itaipu, o que reforça o fato de que a causa do defeito foi externa à usina.
Pela manhã a Itaipu Binacional informou que voltou a operar em condições de normalidade na manhã de hoje, a partir das 6h. Com 20 unidades geradoras e 14 mil megawatts de potência instalada, a usina binacional fornece 19,3% da energia consumida no Brasil e abastece 87,3% do consumo paraguaio. Itaipu é a segunda maior usina hidrelétrica do mundo, só perde para a chinesa de Três Gargantas.
A empresa reafirma que ainda não tem informações sobre o que teria causado o blecaute ocorrido em vários estados das regiões sudeste e centro-oeste, mas descarta que tenha tido origem na hidrelétrica.
*Com informações do G1 e Agência Brasil

