São Paulo – Uma mistura de ritmos brasileiros e árabes tomará conta das ruas do Leblon, bairro da zona sul do Rio de Janeiro (RJ), na segunda-feira de carnaval (27). Pelo quarto ano consecutivo o bloco “Alibabou e suas 40 Odaliscas” faz parte da programação oficial do carnaval de rua carioca, o maior do gênero no Brasil.
O desfile é embalado por uma marchinha exclusiva, composta na língua árabe. O autor, Filipe de Moraes Paiva, conta em entrevista à ANBA que a inspiração veio em uma viagem ao Egito: “Como eu tinha mania de compor sambas em outras línguas, sugeriram que eu fizesse um em árabe. Aprendi algumas palavras nessa excursão e fiz a letra”, diz.
Embora seja uma junção de palavras, o samba “Salam” tem sentido e foi aprovado até por um turista líbio: “Ele estava passeando pela rua, viu o bloco e veio falar conosco. Aproveitei e perguntei se ele conseguia entender o que cantávamos em árabe e ele disse que sim. Para confirmar, traduziu a letra para o português e mostrou que realmente a nossa pronúncia estava muito boa”, conta o professor.
Além da música exclusiva, o bloco corta o Leblon – o destino final, seguindo a temática do bloco, é o Jardim de Alah, parque que divide o bairro com Ipanema – com marchinhas brasileiras, como Alalaô, e ritmos árabes, sem letra. Os pandeiros, bumbos e tamborins brasileiros ganham a companhia de instrumentos como derbak, tabel, snujs e o pandeiro árabe.
Paiva conta que todos os integrantes do bloco são nascidos no Brasil. A ligação com os árabes vem da sua esposa, que é professora de dança do ventre e viaja quase todos os anos ao Egito. A primeira vez que o bloco saiu nas ruas, em 2000, foi justamente para que as dançarinas desfilassem com as roupas de odalisca pelo carnaval carioca. Houve um intervalo de 14 anos, até que em 2014, embalado pelo samba composto pelo professor de Física, o bloco retomasse seus trabalhos.
As bailarinas e os integrantes do bloco, que reúne em torno de quarenta pessoas todos os anos, se vestem a caráter. “É um bloco pequeno, sem ajuda de carro de som. A música sai no gogó, então nem tem como reunir tanta gente”, explica Paiva.
Para o professor, o samba brasileiro e os ritmos árabes têm muito em comum. “O baião [ritmo originário da região nordeste do Brasil, popularizado pelo cantor Luiz Gonzaga], por exemplo, é muito semelhante à música árabe”, pondera. Amante da música desde pequeno, Paiva toca diversos instrumentos, como clarinete, xilofone e bateria. Durante o bloco, costuma tocar o derbak.
Antes do desfile de carnaval, o bloco ainda faz seu último ensaio na tarde de domingo (19), no Pontal do Leblon. Para 2018 o professor promete novidades: já em processo de composição, o segundo samba em árabe deverá animar o bloco no próximo carnaval.
Serviço
Bloco Alibabou e suas 40 odaliscas
Dia 27 de fevereiro, a partir das 16h
Local: Pontal do Leblon, em direção ao Jardim de Alah, acompanhando a sombra do Morro Dois Irmãos – Rio de Janeiro/RJ
Mais informações: https://www.facebook.com/groups/alibabou