Da redação
São Paulo – O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) planeja desembolsar neste ano R$ 47,3 bilhões em financiamentos, segundo projeção divulgada ontem (15). O valor, se confirmado, será 43% maior do que o registrado em 2003, quando foram desembolsados R$ 33 bilhões.
“O BNDES está preparado para o desafio de ser um dos principais instrumentos do governo federal para a retomada do crescimento econômico do Brasil”, disse o vice-presidente do banco, Darc Antônio Costa, segundo informou a assessoria de imprensa da instituição.
A avaliação no BNDES é de que, com a estabilização e retomada da confiabilidade da economia, estão dadas as condições para que os empresários planejem investimentos de longo prazo.
Por outro lado, os investimentos em infra-estrutura, saneamento e telecomunicações, planejados pelo Planalto para este ano, terão em grande parte apoio do BNDES. Com isso, o banco quer assumir efetivamente o papel de agente político do governo.
Setores
Sob este ponto de vista, o banco prevê para 2004 um aumento de 89% nos financiamentos voltados para o setor de infra-estrutura. Em 2003 os desembolsos para este segmento foram de R$ 8,2 bilhões. No caso da indústria, os créditos, que no ano passado ficaram em R$ 15,9 bilhões, devem crescer em 28%. Já para o setor agrícola, o aumento previsto é de 24% sobre os R$ 4,6 bilhões liberados em 2003.
Também faz parte das previsões do BNDES aumentar os créditos para os setores de educação e saúde em 80%. No ano passado, para estes dois segmentos, foram liberados R$ 366 milhões.
Exportações
No tocante às exportações, as projeções para 2004 ainda não estão fechadas, mas estimativas preliminares dão conta de que os financiamentos devem passar dos quase R$ 11 bilhões desembolsados em 2003 (US$ 3,9 bilhões) para R$ 13,8 bilhões.
Os recursos para as exportações foram 8% maiores em 2003 do que em 2002, segundo o banco. Do total apurado no ano passado, US$ 776 milhões foram para o setor de veículos automotores, um aumento de 441% em relação ao ano anterior; US$ 121 milhões para a indústria da construção, 222% a mais do que em 2002; US$ 153 milhões para o segmento de produtos químicos, um crescimento de 181% em comparação com o ano retrasado; e US$ 110 milhões para o setor de artefatos de couro, 82% a mais do que em 2002.
Balanço
Com relação ao balanço do ano passado, além dos desembolsos de R$ 33 bilhões, o banco liberou mais R$ 2 bilhões em recursos “extraordinários” provenientes do Tesouro Nacional e do programa FAT Exportação. Nestes casos a instituição fez apenas o repasse do dinheiro.
Os valores das cartas-consulta apresentadas em 2003 somaram R$ 42,9 bilhões, um crescimento de 14% em relação a 2002. Na avaliação do banco, isso demonstra um aumento na disposição dos empresários em investir.
Já os valores dos projetos “enquadrados”, ou seja, aqueles que preencheram os requisitos para a concessão de financiamentos, somaram R$ 38,8 bilhões, 34% a mais do que em 2002. As aprovações, por sua vez, foram de R$ 38 bilhões, um aumento de 17% em relação ao ano anterior.
A diferença entre os desembolsos (R$ 33 bilhões) e aprovações (R$ 38 bilhões) se deve ao fato de que os créditos aprovados num ano não são obrigatoriamente liberados no mesmo. Geralmente os financiamentos do BNDES são concedidos em parcelas que se prolongam por mais de um exercício. Portanto, o montante efetivamente desembolsado em 2003 diz respeito também a projetos aprovados nos anos anteriores. Da mesma forma, o total aprovado no ano passado vai incidir também em 2004 e nos anos posteriores.
De acordo com informações do banco, dos R$ 33 bilhões liberados em 2003, R$ 10 bilhões foram destinados às micro, pequenas e médias empresas, um crescimento de 22% em comparação com 2002. Já para o setor de máquinas e equipamentos foram emprestados R$ 5,3 bilhões. No ano anterior o valor ficou em R$ 3,9 bilhões.
“O resultado final de 2003 mostra um crescimento expressivo nos enquadramentos e nas aprovações de novos financiamentos. Isso demonstra que a reestruturação do BNDES tornou o banco mais ágil e capaz de responder com mais eficiência às solicitações dos empresários”, afirmou Costa, de acordo com a assessoria da instituição.
No primeiro semestre de 2003 os financiamentos do BNDES ficaram represados por conta dessa reestruturação, fato que gerou uma série de críticas à nova diretoria da instituição.