São Paulo – O teatrólogo brasileiro Augusto Boal, fundador do Centro do Teatro do Oprimido, será homenageado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) hoje (25), em Paris. A cerimônia, que acontece na sede da organização, vai destacar a importância do trabalho desenvolvido por Boal. Na sexta-feira (27), Dia Mundial do Teatro, Boal vai ler mensagem no Théâtre de la Ville, para um público estimado em mil pessoas.
A metodologia criada por Boal faz do teatro também um espaço de discussão do cotidiano e uma ferramenta de transformação social. O teatrólogo deixa claro, porém, que não é o método, mas sim as pessoas que o usam que são capazes de modificar a sociedade. "O Teatro do Oprimido é um conjunto de instrumentos estéticos que ajuda a compreender melhor a realidade opressiva, e a treinar formas de lutar contra essas opressões. O Teatro do Oprimido, por si só, não faz nada. Eu sempre digo que uma chave não abre nenhuma porta: aquele que maneja sim, usando a chave, pode abri-la", disse ele em entrevista à ANBA publicada dezembro de 2006.
Além da exposição de fotos de alguns de seus trabalhos espalhados pelo mundo, a celebração da data também vai apresentar a peça “O cozinheiro disse para o coelho: vamos preparar o jantar?”, escrita por Julián Boal, filho de Augusto.
Nascido no Rio de Janeiro em 1931, Boal é o autor da mensagem do Instituto Internacional do Teatro para o ano de 2009, cuja íntegra foi publicada na última edição do Correio da Unesco. “Temos a obrigação de inventar outro mundo porque outro mundo é possível. Mas cabe a nós construí-lo com nossas mãos entrando em cena, no palco e na vida. Atores somos todos nós, e cidadão não é aquele que vive em sociedade: é aquele que a transforma”, diz o texto da mensagem.
Pelo mundo
O teatrólogo já percorreu mais de 70 países, em diversas partes do mundo, participando de conferências e divulgando sua metodologia. No mundo árabe passou por Argélia, Egito, Líbano, Palestina, Jordânia, Sudão e Tunísia.
Na Palestina, destaque para o trabalho realizado com o grupo de teatro experimental Ashtar, baseado em Ramallah, na Cisjordânia. O grupo se tornou multiplicador da idéia de Boal no Oriente Médio.
O centro
O Centro do Teatro do Oprimido foi fundado há 23 anos no Rio de Janeiro. A metodologia, porém, foi criada por Boal na década de 70. Como foi exilado do país, entre os anos de 1971 e 1986, desenvolveu a técnica nos países pelos quais passou, na América Latina e na Europa. Com a volta ao Brasil, o Rio de Janeiro, onde vive, tornou-se o centro das atividades do Teatro do Oprimido. A metodologia é reproduzida hoje por diversos grupos no Brasil e é inclusive aplicada em presídios.

