São Paulo – Das mãos delas, saem delicadas peças e bordados que enfeitam roupas e artigos para cama e mesa. São labirintos, bordados, chita e renda renascença feitos por artesãs da Paraíba, no Nordeste Brasileiro, participantes do Programa de Artesanato Paraibano. A iniciativa é apoiada pelo Sebrae local. Presentes em feiras e eventos dentro e fora do Brasil, a meta das participantes é ganhar visibilidade para assim ampliar a produção. Aliás, se o assunto é holofote, elas já foram parar até nas coleções do estilista mineiro Ronaldo Fraga, entre outros.
“O Ronaldo Fraga já esteve aqui para conhecer os nossos trabalhos”, conta Terezinha Matias Cristovam, presidente da Associação das Artesãs de Serra Rachada. Serra Rachada é o nome da zona rural do município de Riachão do Bacamarte, na Paraíba, a 90 quilômetros da capital, João Pessoa. Ela explica que a associação tem 33 participantes filiadas, mas que na região há mais 65 produtoras.
De acordo com Terezinha, as vendas de roupas com a aplicação de bordados ou chita e renda renascença são feitas por encomenda, enquanto que a linha de cama e mesa é produzida continuamente. “Temos panos de mesa, bandeja, toalhas, colchas e lençóis, entre outros”, explica. Os contatos com os compradores são fechados a partir da participação em feiras e eventos Brasil afora. “Viajamos com frequência para Belo Horizonte, Brasília, Pará, Recife e São Paulo, por exemplo”, diz ela.
Nessas andanças, as bordadeiras paraibanas chegaram a participar, no ano passado, em Paris, na França, da feira de vestuário e acessórios Prêt-à-Porter. A viagem foi apoiada pelo programa Talentos do Brasil, desenvolvido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e pelo Sebrae, do qual elas também fazem parte. “Quem viu o nosso trabalho, gostou”, garante Terezinha. Disposta a divulgar seu trabalho, a artesã ainda fez questão de, numa praça em plena capital mundial da moda, sentar num banco e começar a bordar. “Não entendi nada do que os franceses me disseram, mas fui informada por quem estava me acompanhando de que recebi vários elogios”, conta.
O tour francês ainda não rendeu contratos fechados para exportação, mas vender fora do Brasil é uma meta das bordadeiras. “Seria ótimo, temos todo o interesse”, diz Terezinha. As mulheres árabes, apreciadoras dos bordados e rendas do Brasil, também estão na mira do grupo. “Taí uma grande oportunidade para o nosso trabalho”, conta ela.
De acordo com gestora estadual de artesanato do Sebrae na Paraíba, Verônica Ribeiro, a instituição oferece apoio direto para mais de 600 grupos de artesãos no estado. “Damos capacitação gerencial e gestão tecnológica para a produção de peças com melhor design e apresentação dos produtos”, explica. “Isso além de suporte para a participação em feiras e eventos”, diz.
O trabalho de exportação do artesanato paraibano, diz Verônica, já começou. “Alguns grupos vendem para o exterior, num processo que deve crescer daqui por diante”, explica.