Geovana Pagel
São Paulo – O bordado é uma das principais atividades das mulheres da região do Seridó, no Rio Grande do Norte. As peças produzidas pelas artesãs da Associação das Bordadeiras do Seridó, sediada no município de Caicó, distante 256 quilômetros de Natal, serão enviadas para Paris nos próximos dias.
Na sexta-feira (25), a associação efetuou sua primeira exportação por meio da operação Balcão de Comércio Exterior, do Banco do Brasil. A venda foi feita para a companhia aérea Tam Europa, que comprou 300 peças para brindar seus clientes no final do ano.
"A arte de bordar foi trazida pelas mulheres dos colonizadores portugueses", conta Arlete Silva de Andrade, 54 anos, bordadeira desde os 19 anos. De acordo com Arlete, a associação foi fundada em 1973 e hoje é formada por 150 artesãs na arte de bordar à mão e à máquina. "Mas na região toda existem mais de cinco mil bordadeiras", conta Arlete.
Segundo ela, a organização e a qualificação das bordadeiras tiveram início em 2004 com o apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e do Banco do Brasil, por meio do Programa de Desenvolvimento Regional Sustentável (DRF). "Foi a partir daí, que nos organizamos e passamos a produzir com maior qualidade", contou.
O banco financiou a compra de linhas especiais, o Sebrae forneceu o design das peças ao gosto europeu. As vendas aumentaram e a renda das bordadeiras subiu de R$ 300 para R$ 500 mensais.
No começo de 2005, conta Arlete, toda esta organização proporcionou a exposição de 24 peças numa página virtual do Balcão de Comércio Exterior do Banco do Brasil, que divulga os produtos no exterior, inclusive com fotos e remessa de amostras, oferece serviços de logística com empresas conveniadas e fechamento da operação de câmbio, via internet, o que simplifica, desburocratiza e diminui custos nas operações de valor de até US$ 20 mil.
As peças produzidas em Caicó são bordadas com motivos florais, matizados ou coloridos, com crivo e rechiliê (tipos de bordado) que juntos caracterizam o tradicional bordado do Seridó.
Desenvolvimento regional sustentável
O caso de sucesso das bordadeiras do Seridó foi citado pelo vice-presidente interino de Negócios Internacionais e Atacado do Banco do Brasil, José Maria Rabelo, durante o Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex), realizado de 23 a 25 de novembro, no Hotel Glória, no Rio de Janeiro.
Rabelo lembrou ainda que recentemente o Banco do Brasil iniciou um trabalho de incorporação ao mercado de uma legião de pequenos artesãos e produtores rurais. Para isso, criou o programa batizado de Desenvolvimento Regional Sustentável (DRF), cujo objetivo é emprestar R$ 1 bilhão a novos clientes até final de 2006.
Segundo ele, o Banco do Brasil, patrocinou o treinamento de 55 mil artesãos e produtores rurais e também ofereceu planos de negócios para diversos arranjos produtivos locais e iniciou a liberação dos primeiros R$ 126 milhões em crédito.
De acordo com Rabelo, a estratégia do Banco consiste em mostrar que está presente de ponta a ponta no processo econômico brasileiro: viabiliza desde as grandes operações internacionais, até o financiamento dos pequenos exportadores.

