São Paulo – A exportação de café do Brasil aos países árabes registrou uma taxa de crescimento médio anual de 3,8% nos últimos dez anos, até 2019. Neste ano, de janeiro a setembro, os embarques do produtos seguiram avançando, ficando 7,3% maiores frente ao mesmo período de 2019.
“A qualidade e a sustentabilidade dos cafés brasileiros permitiram ao país ampliar o seu market share no mercado árabe”, disse Nelson Carvalhaes, presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, em entrevista à ANBA.
No período de 2010 a 2019, entre os países árabes, o Cecafé destacou o crescimento de 328,8% para Argélia, 16,3% para a Jordânia, 13,1% para a Síria e 10,3% para a Tunísia.
Em um ano em que todos os setores enfrentam desafios gerados pela pandemia da covid-19, o setor cafeeiro conviveu com incertezas quanto à venda do grão. O Cecafé garante que apesar disso, os embarques seguiram normalmente durante o período. “É importante destacarmos que as exportações de café do Brasil, de modo geral, seguiram o ritmo normal de embarques, oferecendo um produto com muita qualidade e sustentabilidade, cumprindo rigorosamente as medidas de segurança e proteção dos colaboradores e seguindo as regras da OMS (Organização Mundial da Saúde) e das instituições públicas de saúde municipais e estaduais”, afirmou Carvalhaes.
O presidente do Conselho lembrou que a demanda se manteve estável já que, embora restrições aplicadas diretamente a hotéis, restaurantes e cafeterias, tenham afetado principalmente o segmento de cafés especiais, houve a elevação do consumo nos lares.
Também em ano de pandemia a Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé) registrou um aumento na venda de café aos países árabes. Em 2020 até o momento, a exportação do café verde da espécie arábica soma 18.322 sacas de 60kg do produto. No ano de 2019 inteiro o volume embarcado foi de 16.900 sacas do mesmo tipo de café.
A instituição é a maior cooperativa de produtores de café do Brasil e tem incentivado a produção de grãos de qualidade. A exportação para o bloco árabe, no entanto, ainda é voltada para o mercado de commodities. “No momento a Cooxupé, por meio da SMC, não possui relação comercial de cafés especiais com países árabes”, disse à ANBA Osvaldo Bachião Filho, vice-presidente da Cooxupé. A SMC é o braço focado em comercialização de cafés especiais da Cooxupé.
Para elevar o recebimento de produto de qualidade, a cooperativa criou programas como o Especialíssimo. A iniciativa gerou um crescimento na entrega dos cafés especiais em 88% em 2020 em relação a 2019, primeiro ano de programa.
“Sem dúvidas houve mais investimentos [dos produtores]. Nossos cooperados foram incentivados pela Cooxupé constantemente nos últimos anos a investir na produção de café com mais qualidade. Para isso, treinamos os profissionais do nosso Departamento de Assistência Técnica para orientar e esclarecer dúvidas sobre como produzir um café especial. O cooperado se preparou para essa oportunidade. Importante lembrar também que neste ano tivemos uma colheita sob um clima totalmente favorável, com chuvas até o mês de março e depois um período mais seco durante a safra (sem chuvas), permitindo que o café dos nossos produtores alcançasse uma boa peneira”, explicou Bachião. Peneira é termo usado no setor para designar a classificação do café pela qualidade.