São Paulo – Após três dias de atividades nos Emirados Árabes Unidos, empresários brasileiros do setor de frutas estão animados quanto à possibilidade de ampliar mercado para seus produtos no país árabe. Representantes de seis empresas estão nos Emirados para prospectar oportunidades de negócios, em uma ação do projeto “Frutas do Brasil”, liderado pela Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) e Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).
O grupo visitou supermercados e mercados de frutas (foto acima), teve contato com importadores e participou de um seminário voltado para a delegação brasileira e compradores locais do segmento. O diretor executivo da Abrafrutas, Eduardo Brandão, acredita que é possível aumentar os volumes de frutas que o Brasil exporta para os Emirados já neste segundo semestre em decorrência da missão. “Vamos tentar sair daqui já com alguma coisa engatilhada, mas a vinda já foi extremamente positiva como forma de conhecer o mercado”, disse ele à ANBA por telefone.
Brandão aposta nas exportações de frutas como uvas, mangas, bananas e abacates, além das processadas. “O diferencial da qualidade é o que vai trazer para nós a conquista definitiva desse mercado”, disse o diretor executivo da Abrafrutas. Segundo Brandão, na visita aos mercados locais foi possível ter noção do que os Emirados consomem. O abacate, segundo ele, está muito em voga, com presença em todos os mercados. “É uma fruta que o Brasil está produzindo bem, com qualidade”, diz.
O diretor executivo acredita que o Brasil consegue atender os Emirados também com bananas dentro do prazo de validade, com mangas, que o país árabe consome muito e compra da África, e ainda com outros produtos como suco de uva 100% integral, que os empresários não encontraram nos mercados, além de água de coco. A ideia é levar aos Emirados frutas de maior valor agregado, com qualidade superior, e assim ganhar mercado frente aos concorrentes.
Um dos desafios no mercado de frutas é o custo do frete, em função da distância entre Brasil e Emirados, maior do que a de outros fornecedores. Brandão acredita que esse gargalo pode ser superado com produtos de qualidade. Muitas frutas brasileiras acabam chegando aos Emirados via Europa em vez de terem exportação direta. A logística na área foi um dos temas discutidos durante o seminário que ocorreu como parte da missão, nesta terça-feira (09), em Dubai. O gerente de vendas da empresa de logística Hapag-Lloyd AG na Arábia Saudita, Guilherme Lagarcha, falou sobre o assunto.
Brandão conta que a delegação brasileira teve contato, no Vegetable Market, com um grande distribuidor de frutas de qualidade, que começou a fazer delivery de frutas e legumes. “É uma forma nova de comércio, um canal interessante, e vamos tentar fazer uma parceria com ele para que nossas frutas sejam oferecidas de forma delivery”, disse o diretor executivo. Brandão acredita muito no potencial de vendas aos Emirados Árabes como meio de diversificar as exportações brasileiras de frutas, hoje 60% voltadas ao mercado europeu.
Os Emirados importaram US$ 2,2 bilhões em frutas em 2017, mas o Brasil forneceu apenas US$ 17,4 milhões, cerca de 0,8%. Esse dado foi apresentado por Antonio Lopes, analista de negócios do Escritório Apex-Brasil no Oriente Médio e Norte da África, que fica em Dubai, durante o seminário do setor. De acordo com números mostrados por Lopes, a maior parte do que o Brasil vende em frutas para os Emirados é uva fresca e processada. Atualmente o maior fornecedor de frutas do país árabe é Estados Unidos, que venderam US$ 422 milhões em 2017.
Segundo material divulgado pela Abrafrutas, o gerente de projetos da associação, Jorge de Souza, afirmou no seminário que o Brasil pode aumentar essa exportação, pois tem frutas produzidas o ano todo e que se destacam pela qualidade e sabor. “Houve aumento, mas nossa participação é pequena dentro do potencial”, afirmou por telefone à ANBA a chefe executiva de operações do escritório Apex-Brasil no Oriente Médio e Norte da África, Karen Jones, sobre a presença do Brasil no mercado de frutas dos Emirados. Jones participou do seminário.
Karen Jones conta que o setor de frutas vem sendo trabalhado pelo escritório da Apex-Brasil desde 2014 e já foram feitas várias ações, como missões brasileiras nos Emirados, promoção de visita de importadores ao Brasil e estudos de mercado. “Esta vinda é muito boa, é mais uma oportunidade de fazer esse trabalho”, disse ela à ANBA.
O seminário foi aberto pelo embaixador do Brasil nos Emirados, Fernando Igreja. Além de Antonio Lopes, Jorge Souza e Guilherme Lagarcha, falou no evento o gerente de compras da Kibsons International, Daniel Cabral, entre outras participações. Cabral abordou o cenário atual do mercado de frutas dos Emirados Árabes, as suas peculiaridades e o que os importantes buscam atualmente. A Kibsons é importadora, atacadista, distribuidora e varejista de produtos frescos e sua sede foi visitada pela delegação. O chefe do escritório internacional da Câmara de Comércio Árabe Brasileira em Dubai, Rafael Solimeo, participou do seminário.
Em entrevista à ANBA, o gerente executivo da Abrafrutas elogiou o trabalho da Apex, que organizou as atividades e proporcionou os contatos com os players locais da área de frutas. “Os contatos com distribuidores foram bem significativos graças à Apex”, disse Brandão. Ele afirmou que precisará da Câmara Árabe para ajudar nos trâmites para inserção dos empresários no mercado dos Emirados. A entidade abriu escritório em Dubai neste ano.
A delegação brasileira começou suas atividades nos Emirados na segunda-feira, com uma reunião com a equipe da Apex, e finaliza a agenda nesta quinta-feira (11), com uma visita do porto de Jebel Ali. A missão como um todo é chamada de “Frutas do Brasil Festival Dubai”. As empresas participantes são as produtoras de uvas Labrunier e Copa, a Brook Fresh e a Unifrutas, produtoras de bananas, a Timbaúba Agrícola, de suco de frutas e água de coco, e a Sebastião da Manga, de mangas.