Isaura Daniel
São Paulo – O Brasil importou 148 toneladas de cebola seca do Egito entre os meses de janeiro e julho deste ano. É a primeira vez que o país compra um volume tão expressivo do produto dos egípcios nos últimos dez anos. No ano passado, os brasileiros não adquiriram cebola seca da nação árabe e em 2003 as importações ficaram em apenas oito toneladas.
As importações dos egípcios nos sete primeiros meses do ano representaram 8,5% das 1,7 mil toneladas adquiridas pelo Brasil no exterior no período. Em faturamento, a compra rendeu US$ 222,4 mil. Em anos anteriores o Brasil já havia adquirido cebola seca do Egito, mas em volumes bem menores. Em 1999 houve uma compra de três toneladas, em 1997 de 990 quilos e em 1996 de 15 toneladas.
A cebola seca é usada como tempero e também como ingrediente de condimentos industriais. Antes de ser vendida ela passa por um processo industrial no qual é desidratada. De acordo com o presidente da Associação Nacional dos Produtores de Cebola (Anace), José Carlos Gomes Ferreira, a cebola seca não é produzida em escala industrial no Brasil. "O consumo também é pequeno", explica. O produto tem uma vida mais longa que a cebola in natura e também é mais caro.
Países da Europa, América do Sul e Ásia, além dos Estados Unidos, costumam constar entre os exportadores do produto para o Brasil. Nos sete primeiros meses deste ano, a Argentina foi a maior fornecedora, com 678 toneladas, seguida da China, com 384 toneladas, e da Índia, com 341 toneladas. O Egito é o quarto país na lista.
Os egípcios, de acordo com o secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira (CCAB), Michel Alaby, são grandes produtores de cebola e alho e exportam para regiões como a Europa. Segundo o secretário, a cebola que o Egito produz é a roxa. O Brasil também está na lista dos maiores produtores mundiais de cebola, mas não exporta, já que o consumo interno é elevado.
Produção brasileira
No ano passado, o Brasil produziu 700 mil toneladas de cebola e teve um consumo interno de 900 mil toneladas. Foram importadas, de acordo com o presidente da Anace, 200 mil toneladas, das quais cerca de 95% vieram da Argentina. A Espanha também foi uma das fornecedoras do produto.
Neste ano, as previsões da Anace indicam uma produção entre 800 mil e 900 mil toneladas. Grande parte das regiões que cultivam cebola, porém, enfrentaram excesso de umidade, o que prejudicou a qualidade do produto. São Paulo e Bahia, que ocupam o segundo e terceiro lugar na produção nacional respectivamente, tiveram chuva demais. A safra paulista começou em julho e segue até outubro e a baiana ocorreu entre março e junho.
"Com o excesso de chuvas, a cebola fica com a pele menos bonita, com menor resistência e durabilidade", diz Ferreira. Em função disso, a cebola importada acaba sendo privilegiada. A região Sul do Brasil, onde fica Santa Catarina, o maior estado produtor do Brasil, vai colher a cebola entre novembro e janeiro e deve apresentar resultados melhores.
Começar a exportar
O presidente da Anace afirma que o setor vai se organizar para começar a exportar no próximo ano. "Este ano não temos como exportar em função da qualidade", afirma. No ano passado foram vendidas no mercado internacional apenas 1,5 mil toneladas. De acordo com Ferreira, já há europeus interessados em levar o produto.
As exportações devem colaborar para melhorar os preços pagos aos produtores brasileiros. Atualmente o quilo de cebola é vendido a R$ 0,35, valor que corresponde, segundo o presidente da Anace, ao custo de produção.

