São Paulo – Durante entrevista coletiva, realizada hoje em São Paulo, o representante do Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou que o crescimento do Brasil em 2010 deve ser superior ao projetado anteriormente pela própria instituição, que é de 3,5%.
Eyzaguirre também destacou que uma das maneiras de evitar uma nova recessão seria a criação de um seguro global para evitar que a economia mundial permaneça dependente da produção de dólares dos Estados Unidos.
"Se todos acumularem reservas em dólares, os Estados Unidos têm um enorme subsídio e deixamos de usar este dinheiro para outras coisas, como educação e infraestrutura. Precisamos de um organismo multilateral que não seja o Federal Reserve (Fed, banco central americano) para fazer esta regulação".
Ele enfatizou ainda que, caso não haja um sistema financeiro firme, pode haver um retorno da crise de crédito. "Isto é uma possibilidade que não podemos descartar".
Antônio Henrique Silveira, secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, que também participou da coletiva, afirmou que o governo brasileiro vê a estimulação do crédito como primeiro passo para a recuperação da crise.
Contrariando o relatório do FMI para a América Latina e Caribe, que afirma não haver relação das reservas internacionais com a recuperação dos países emergentes, Silveira declarou que a acumulação de reservas do país contribuiu para mitigar a crise e deve ser mantida.
Sobre a taxa de juros norte-americana, o diretor do FMI afirmou que o Fed tem necessidade de mantê-la baixa. "Senão, os Estados Unidos vão entrar em uma espiral deflacionária. Em nossa visão, o risco de isto acontecer é muito grande", disse Eyzaguirre.
Questionado em relação à taxação sobre investimentos estrangeiros no Brasil, o diretor do Fundo disse que o organismo não pode se manifestar em relação a este assunto, pois os países têm soberania sobre sua política fiscal, mas que o conselho do FMI para o Brasil é de que "o ingresso dos capitais externos têm que ser seguros".