São Paulo – O governo brasileiro doou 38 purificadores de água ao Líbano com capacidade para processar 200 mil litros por dia. Os equipamentos ficarão em escolas e hospitais e devem ajudar no combate do surto de cólera enfrentado pelo país árabe, que vive severa crise econômica. A doação foi entregue na quinta-feira (02) pelo embaixador do Brasil em Beirute, Tarcísio Costa (foto acima).
Os purificadores são movidos a painéis solares e foram doados com esses painéis, baterias e peças de reposição. Eles terão como destino a região de Trípoli, uma das mais afetadas pela cólera no Líbano. “Isso tem uma importância muito grande em um país que está passando por essa grave crise e, mais do que isso, com um surto de cólera afetando as regiões mais pobres”, disse Costa em entrevista à ANBA.
O embaixador entregou os equipamentos para o governo libanês, em cerimônia com o secretário-geral do Alto Comitê de Socorro do Líbano (HRC), o general Mohammad Kheir, que recebeu os purificadores acompanhado de representantes de organizações não governamentais libanesas (Ongs) que colaboram com o poder público local na assistência humanitária no país.
O embaixador afirma que o Brasil tem uma política de cooperação internacional ativa e bem-organizada, dentro dos seus recursos como país em desenvolvimento, sob a coordenação de Agência Brasileira de Cooperação (ABC), que é um braço do Ministério das Relações Exteriores. A doação dos purificadores ao Líbano foi realizada por meio da ABC.
A cooperação brasileira é dirigida a diferentes regiões do mundo, inclusive ao Líbano. Costa cita entre os motivos dessa cooperação a grande comunidade libanesa que há no Brasil, a importância do país árabe na região onde está localizado e a relação histórica com o Brasil, que tem cerca de 150 anos. “O certo é que o Líbano é um país importante para o Brasil e passa por um momento de graves dificuldades, uma crise econômica seríssima”, diz Costa.
Uma séria retração econômica, inflação muito elevada e desemprego alto são alguns dos desafios do Líbano atual, uma situação agravada pela explosão do Porto de Beirute, em agosto de 2020, que deixou mais de 200 mortos e milhares de feridos em um cenário de pandemia de covid-19. O embaixador Costa afirma que a resposta do Brasil tem sido enfática e a cooperação humanitária reforçada – o Brasil também tem cooperação técnica com o Líbano.
Após as explosões foram tomadas várias medidas de ajuda, entre elas o envio de 4 mil toneladas de arroz do Brasil ao Líbano e a aprovação de emendas parlamentares para cooperação nas áreas de prevenção a incêndios, criação de resiliência a desastres em ambiente urbano, além de traumatologia e ortopedia. Em breve devem ser enviados medicamentos. A entrega das toneladas de arroz foi formalizada em uma visita ao Líbano do ex-presidente do Brasil, Michel Temer, que é descendente de libaneses.
Costa afirma que durante a entrega, houve um agradecimento enfático à doação dos purificadores e um reconhecimento da importância do apoio brasileiro. Na ocasião, o embaixador falou para os presentes sobre a cooperação internacional brasileira, que parte das necessidades que são apontadas pelo país e não é desenvolvida sob condicionalidades. “Não estamos querendo que o Líbano se torne aliado do Brasil em nenhuma grande empreitada geopolítica e isso faz uma grande diferença”, explicou Costa à ANBA.
Primeiras atividades
A entrega da doação foi o primeiro compromisso oficial de Tarcísio Costa no Líbano após a entrega das suas credenciais como embaixador no país. Ele assumiu o posto há cerca de duas semanas. O diplomata também teve encontro, nesta sexta-feira (03), com o presidente do Conselho Empresarial Brasil-Líbano, Rabih Frem, juntamente com os demais membros do órgão. Segundo material divulgado pela Embaixada do Brasil no Líbano, Costa expressou sua satisfação pelo papel do conselho em fortalecer os laços comerciais e econômicos entre o Brasil e o Líbano.
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