São Paulo – A embaixada do Brasil em Beirute anunciou na semana passada que o governo brasileiro fez uma doação de US$ 500 mil para o campo de refugiados palestinos de Nahr El-Bared, localizado no norte do Líbano. A doação foi feita por meio da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos no Oriente Próximo (UNRWA), que oferece assistência para mais de 4,5 milhões de pessoas.
“O Brasil está contente em participar dos esforços da comunidade internacional para apoiar as ações vitais da UNRWA visando a recuperação tão necessária do Campo de Nahr El-Bared. Essa contribuição reafirma nosso compromisso com o pedido de ajuda do governo libanês, bem como com a Causa Palestina”, afirmou o embaixador brasileiro no país árabe, Paulo Roberto Tarrisse da Fontoura, segundo nota da UNRWA.
O secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores do Líbano, William Habib, de acordo com a nota, agradeceu a doação brasileira e chamou os países que apóiam a Causa Palestina para contribuir com a UNRWA.
De acordo com informações da UNRWA, o Brasil, em dezembro de 2008, fez uma doação de US$ 200 mil para os refugiados de Nahr El-Bared; e outros US$ 200 mil foram repassados para o fundo geral da agência da ONU em fevereiro de 2009.
A destruição do campo de Nahr El-Bared durante conflito no Líbano em 2007 e a retirada de 27 mil refugiados palestinos do local e áreas adjacentes, segundo a UNRWA, criou uma crise humanitária cujos efeitos ainda estão sendo sentidos três anos depois. Com as doações realizadas desde 2007, a UNRWA conseguiu suprir as necessidades mais básicas dos refugiados que foram retirados do campo.
A reconstrução do campo começou em novembro de 2009. De acordo com informações da UNRWA, dois pacotes de obras estão em andamento e três escolas estão sendo construídas, de um total de seis.
Segundo o pesquisador Roberto Khatlab, que tem livros publicados sobre os laços de imigração entre o Brasil e o Líbano, o Brasil possui uma das comunidades árabes mais importantes do mundo, estimada em 12 milhões de imigrantes e descendentes. Apenas de palestinos, estima-se que a comunidade no Brasil tenha em torno de 60 mil. O número cresceu em 2007, com a chegada de refugiados que viviam na fronteira entre Iraque e Jordânia.
“Este ato do Brasil mostra que ele é um país acolhedor e, apesar das suas dificuldades sociais e econômicas, não deixa de apoiar terceiros em necessidades”, disse Khatlab por email.
O pesquisador disse ainda que a relação Brasil-Palestina existe faz tempo, desde a viagem do imperador Dom Pedro II ao Oriente Médio, em 1876, passando pela Síria, Líbano, Palestina e Egito, quando ele depositou uma soma considerável de seu próprio bolso no Banco Otomano de Beirute, para a educação de órfãos palestinos.