Alexandre Rocha
São Paulo – As boas relações políticas e diplomáticas que o Brasil já tem com a Argélia precisam se transformar em uma parceria econômica mais sólida. Este foi um dos principais assuntos debatidos hoje (26) pela manhã no seminário que abriu a programação da missão de empresários e autoridades argelinas que está em São Paulo.
"Desejo que essa missão possa dar uma base econômica às relações políticas entre o Brasil e a Argélia", disse Dani Benchaa, chefe da delegação e diretor-geral do departamento das Américas do Ministério das Relações Exteriores da Argélia. "A solidariedade e a amizade entre os dois países são qualidades excepcionais, mas queremos materializar isso de forma econômica. As relações comerciais podem ser muito maiores do que são hoje", acrescentou.
Segundo dados apresentados pelo diretor de relações internacionais da Câmara de Comércio e Indústria da Argélia, Kadri Saadane, a América Latina forneceu o equivalente a US$ 567 milhões para a Argélia no ano passado, ou apenas 4,2% do total de US$ 13,5 bilhões que o país árabe importou no mesmo período. O Brasil respondeu por US$ 153,7 milhões.
No caso das exportações, a América do Sul importou o equivalente a US$ 1,2 bilhão da Argélia, ou apenas 5% do total exportado pelo país árabe, que foi de US$ 23,8 bilhões. O Brasil comprou cerca de US$ 1 bilhão.
"Sem parcerias comerciais não se prolongam as relações econômicas", disse o assessor de relações internacionais do governo de São Paulo, Flávio Musa. "O comércio internacional de balcão, de varejo, tende a desaparecer", acrescentou.
O presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira (CCAB), Paulo Atallah, elogiou a iniciativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de buscar a aproximação com mercados alternativos, como é o caso dos países árabes. "O presidente foi criticado, mas acreditou nisso e agora os resultados estão aparecendo", disse. Nos sete primeiro deste ano, por exemplo, as exportações do Brasil para a Argélia chegaram à marca de US$ 169,1 milhões, superando o total de 2003.
Atallah acrescentou que a estabilidade vivida hoje nos dois países dá segurança às relações econômicas. "Isso representa grandes oportunidades de investimentos bilaterais", disse.
Os representantes de 13 companhias argelinas de vários setores ficam em São Paulo até amanhã (27), onde participam de rodadas de negócios com empresários brasileiros. Na segunda-feira (30) eles vão estar no Rio de Janeiro.

