Débora Rubin
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São Paulo – O Brasil e Chile podem se aliar para atrair cada vez mais investidores e empresários árabes para a região. Essa é uma das conclusões do evento "América Latina e Mundo Árabe – Rumo a uma nova relação", que terminou na quarta-feira (31), em Santiago, Chile. Outro fruto do encontro, que reuniu jovens líderes árabes e chilenos esta semana na capital chilena, é a possível criação de um Fórum de Ação Global na América Latina, organizado pela Young Arab Leaders (YAL), entidade que esteve presente na conferência. Atualmente, o Fórum da organização já acontece na Europa, Ásia e Estados Unidos.
“O presidente da YAL, Saeed Al Muntafiq, disse que pretende vir conhecer o Brasil em 2008 e pediu a ajuda da Câmara para organizar o Fórum em 2009”, disse Paulo Atallah, vice-presidente administrativo e ex-presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, que fez uma apresentação sobre o trabalho da entidade no segundo dia do encontro.
Segundo Atallah, o Fórum poderá ser feito no Brasil, no Chile ou na Argentina. “É muito provável que o Fórum aconteça mesmo. Nos dias 9 e 10 de novembro, a YAL vai fazer seu Fórum Anual no Bahrein e um dos temas será justamente a relação com a América Latina”, complementa Jorge Daccarett, diretor-executivo da Fundação Palestina Belém 2000, organizadora do evento do Chile.
O discurso de Paulo Atallah foi elogiado pela presidente do Chile, Michelle Bachelet, que também fez uma apresentação. Ela disse que o seu país deve se inspirar no Brasil para estabelecer mais relações comerciais com os árabes. Entre janeiro e setembro de 2007, as exportações do Chile aos árabes foram de pouco mais que US$ 200 milhões e se concentraram principalmente na Arábia Saudita e nos Emirados Árabes Unidos. Após o evento, Bachelet voltou a dizer, desta vez em português, que ficou admirada com o trabalho da Câmara.
“A repercussão da apresentação de Atallah foi das melhores. As pessoas não paravam de falar da bem sucedida experiência brasileira e de como o Chile perdeu oportunidades maravilhosas com o mundo árabe”, disse Jorge Daccarett. O próprio Atallah foi procurado por diversos empresários chilenos após o evento que lhe perguntaram o que devem fazer para exportar para os países árabes e como a Câmara Árabe poderia ajudá-los.
Último dia
Na quarta-feira, último dia do evento, os 22 membros da Young Arab Leaders que foram ao Chile se dividiram. Alguns acompanharam a agenda proposta pela organização do evento e foram conhecer a Sofofa, a federação das indústrias do país, e almoçaram com a diretoria da Fundação Palestina. Outros saíram em busca de parcerias de acordo com suas áreas de atuação. Elias Bou Saab, da Universidade Americana de Dubai, foi conhecer o Centro de Estudos Internacionais da Universidade Católica, para avaliar uma possível parceria. Já Hussein Ali Lootah, CEO da Dubai Media, foi ao Canal 13 para ver se comprava algumas séries de TV. Outra parte voltou para casa, via Brasil, já que pegaram o vôo da Emirates Airline.
Resultados imediatos
Mais que fechar negócios e definir a data e local do Fórum Global, os chilenos e brasileiros que participaram do encontro acreditam que ficou estabelecida uma base sólida para o futuro. “Primeiro conquistamos a confiança, depois vem a rede de contatos e, em terceiro, começam a fluir os negócios”, acredita Jorge Daccarett. “Os membros da YAL poderiam se restringir ao universo árabe. Mas não, eles saem pelo mundo porque querem conhecer outros países, outras economias. Eles buscam conhecimento. Essa também foi uma grande lição deixada por eles nesse encontro”, complementa Paulo Atallah.
Para Daccarett, ficou também a possibilidade de se criar uma organização latino-americana similar à Young Arab Leaders. “Para isso, a Câmara Árabe e Fundação são os dois pilares fundamentais para se construir uma relação com o resto do continente”, diz ele. Paulo Atallah dá exemplos práticos de ações que poderiam ser feitas desde já no sentido de unir Chile e Brasil. “Existem muitos setores em que o Chile é competitivo e nós não. Podemos fazer estandes em conjunto nas feiras internacionais, fazer uma espécie de estande latino-americano”, diz. “Depois desse evento, temos todas as ferramentas para fazer algo muito bom."

