São Paulo – O Brasil é o segundo país em número de empreendedores entre as nações que compõem o G-20, grupo das vinte maiores economias do mundo, com 15,3% de sua população sendo dona de seu próprio negócio, perdendo apenas para a China. Deste total de empreendedores, 53% são mulheres e 47%, homens. Além disso, 52,5% dos novos negócios no país estão nas mãos de jovens entre 18 e 34 anos. Em 2008, a taxa de empreendedorismo da população brasileira era de 12%.
Os dados são da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), que abrange 54 países, e foi divulgada hoje (06), em São Paulo, em entrevista coletiva. O GEM é coordenado pelo Global Entrepreneurship Research Association (GERA) – organização dirigida pela London School of Economics e pelo Babason College, dos Estados Unidos, além de representantes dos países participantes do estudo.
No Brasil, o projeto é liderado pelo Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBPQ) e tem o apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), além de entidades ligadas à indústria.
O estudo é relativo a 2009 e mostra um importante crescimento no número de brasileiros que se tornam empreendedores por oportunidade (9,4%) em relação aos que abrem um negócio por necessidade (5,9%).
De acordo com Simara Greco, coordenadora da pesquisa GEM, a elevação ocorrida no número de empreendimentos por oportunidade se deve ao alto crescimento entre os empreendimentos nascentes (com até três meses de existência). Os empreendimentos nascentes passaram de 2,93% do total em 2008, para 5,78% em 2009, dos quais 4,3% são empreendimentos por oportunidade.
Entre os árabes, o número de empreendedores por oportunidade é bem mais alto do que no Brasil. Nos Emirados Árabes Unidos, por exemplo, eles representam 91% dos donos de novos negócios. Na Arábia Saudita, onde 4,7% da população é empreendedora (8º lugar entre os países do G-20), 88% são por oportunidade.
Já quando o assunto é mercado externo, 89,5% dos empreendedores brasileiros disseram não ter previsões para exportar. Paulo Okamoto, presidente do Sebrae, considera que este não é um bom cenário para o país e diz que são necessárias ações para que as empresas brasileiras se internacionalizem.
“É desejável que o Brasil tenha mais empresas que visem à exportação. Para isso, precisamos trabalhar mais a inovação, precisamos de produtos mais sofisticados, com mais qualidade. O Sebrae também está desenvolvendo programas de apoio continuado a empresas exportadoras. A nossa idéia é criar escritórios nas principais regiões do país em que as pessoas possam ter assessoria para cumprir as condições mínimas para serem empresas exportadoras e, com isso, conseguir alcançar o mercado internacional”, afirmou.
Segundo Okamoto, hoje há cerca de 15 mil pequenas empresas que já exportam, e a meta para 2010 é aumentar este número em 10%.
A falta de inovação dos empreendedores brasileiros foi um dos pontos mais enfatizados durante o evento. A pesquisa indica que apenas 5,4% dos empreendedores iniciais acreditam que seus produtos são considerados novos.
Para Okamoto, é importante que os empreendedores brasileiros passem a focar mais na criação de novos produtos. “Precisamos criar empresas que agreguem mais valor a seus produtos e serviços. É a forma que temos para garantir o mercado interno e também criar condições para exportar.”
O executivo aponta uma mistura entre falta de interesse dos empresários com a falta de financiamentos voltados à inovação oferecidos pelos órgãos governamentais como as principais barreiras para o aumento da inovação nas empresas brasileiras.
Mulheres e jovens empreendedores
É a primeira vez nos dez anos em que a pesquisa GEM é feita no Brasil que o número de mulheres supera a taxa de homens empreendedores. Já a taxa de jovens empreendedores vem se mantendo ao longo do histórico da pesquisa, mostrando que é na faixa entre os 18 e 34 anos que se concentra a maior parte dos empreendedores brasileiros.
Um exemplo deste empreendedorismo jovem e feminino é a empresária Vanessa Carmona, hoje com 36 anos, mas que abriu seu negócio aos 23. Com muita criatividade e trabalho, Vanessa e sua sócia Flávia Almeida, na época com 32 anos, abriram a loja de moda praia Mulata Brasil, e transformaram um capital inicial de R$ 5 mil reais em um faturamento que hoje ultrapassa os R$ 1,4 milhão.
A grife, que começou em uma pequena casa de 57 metros quadrados, hoje conta com duas lojas em área nobre de São Paulo. Apesar de nunca ter exportado, deve abrir sua primeira unidade no exterior ainda no primeiro semestre de 2010, em Miami, nos Estados Unidos.
Segundo Vanessa, ela percebeu que seu negócio havia dado certo quando, em 2000, uma fila de clientes formou-se em sua porta dizendo que elas “deveriam procurar um espaço maior, que ali não dava mais”.
Para ela, o importante para quem quer ser empreendedor é não ter medo de correr atrás do seu sonho. “Existem vários financiamentos e linhas de crédito do governo que ajudam você a iniciar seu sonho, basta correr atrás. A necessidade e a força de vontade juntas fazem acontecer”, aconselha.