Marina Sarruf
São Paulo – Os governos dos Estados Unidos e do Brasil assinaram hoje (09) um memorando na área de cooperação de biocombustíveis. O acordo prevê o avanço na pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia para produção de etanol e biodiesel. "Os Estados Unidos serão um sócio extraordinário nesse empreendimento", afirmou o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva durante a visita do presidente norte-americano, George W. Bush, à Transpetro, subsidiária da Petrobrás, em Guarulhos, São Paulo.
"Espero que as populações brasileira e americana estejam otimistas em utilizar fontes alternativas. Vejo um potencial muito bom", disse Bush. Segundo ele, os investimentos em biocombustíveis são considerados uma questão de segurança nacional para os Estados Unidos, que estabeleceram uma meta para reduzir o consumo de gasolina em 20% nos próximos 10 anos. "Queremos diversificar, sair do petróleo", completou.
Bush disse ainda que os Estados Unidos querem elevar de 5 bilhões de galões por ano para 35 bilhões o consumo de álcool no país. "Já investimos US$ 12 bilhões em novas pesquisas tecnológicas que vão permitir alcançar independência econômica e um ambiente de melhor qualidade", afirmou. O presidente norte-americano também disse que os Estados Unidos vão investir US$ 1,6 bilhão nos próximos 10 anos em pesquisas para desenvolver fontes alternativas.
De acordo com Lula, o Brasil e os Estados Unidos também devem formar alianças com outros países para diversificar a produção de biocombustíves. A princípio os participantes pretendem começar a trabalhar nos países da América Central e no Caribe encorajando a produção local e o consumo. Lula também defendeu a idéia de que é preciso despoluir o planeta terra utilizando os biocombustíveis. "É preciso superar a dependência de combustíveis fósseis para diminuir o aquecimento global", afirmou.
Outro ponto levantado pelo presidente brasileiro foi que com o aumento de produtos agrícolas para a produção de biocombustíveis se eleva o número de empregos, principalmente nas regiões do semi-árido nordestino. "Os ganhos com os novos empregos no Brasil já refletem na economia. O Brasil mais que triplicou a produção de cana", disse.
O memorando de intenções entre os dois países também prevê a expansão do mercado de biocombustíveis por meio da cooperação no Fórum Internacional de Biocombustíveis, criado pelas Nações Unidas. No entanto, o protocolo não se refere à redução das tarifas de exportação do etanol para os Estados Unidos, o que era um dos pontos mais esperados pelos empresários brasileiros.
O acordo foi assinado na manhã de hoje pelo ministro de Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim e pela secretária de estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice. Na visita de Bush à Transpetro, também estavam presentes o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli; o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luis Fernando Furlan e o ministro Amorim.
Transpetro
A empresa, que é subsidiária da Petrobras para área de transportes, tem 16 tanques com capacidade de armazenar 164 milhões de litros de diesel, querosene de aviação, gasolina, álcool anidro e hidratado. O presidente Bush foi recebido na base de abastecimento de caminhões da Petrobras, onde passam 250 caminhões por dia.
Gabrielli mostrou ao presidente norte-americano o processo de produção do etanol e falou ainda dos projetos da Petrobras na área de biocombustíveis. Atualmente 12% da frota brasileira utiliza motor flex (álcool e gasolina). De acordo com o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Rogelio Golfarb, a intenção é chegar até 2013 a uma frota de 15 milhões de veículos com motores flex, o que vai corresponder a 70% da frota nacional.