Por Lucas Fiuza*
Com relações comerciais e diplomáticas consolidadas, o Brasil e os países árabes têm investido em fortalecer trocas proveitosas entre as duas economias. Isso fica evidente quando observamos o aumento constante das cifras de importação e exportação. De acordo com o Mapa de Comércio e Investimentos, estudo da área de Inteligência da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), as exportações do Brasil para os Países Árabes do Conselho de Cooperação do Golfo – CCG (Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Bahrein, Omã Catar e Kuwait), em 2021, foram de US$ 8,3 bilhões, enquanto as importações chegaram a US$ 5,7 bilhões.
O crescimento médio anual entre 2017-21 das exportações do Brasil para esses países foi de 5%, enquanto no período 2020-21 foi de 43,4%. Em relação às importações, esses números foram de, respectivamente, 18,4% e 86,7%. Em 2021, os principais saldos comerciais foram registrados com o Bahrein (US$ 1,6 bilhão) e Emirados Árabes Unidos (US$ 1,3 bilhão). Já a maior corrente de comércio foi registrada com a Arábia Saudita (US$ 4,952 bilhões), seguida dos Emirados Árabes Unidos (US$ 3,3 bilhões).
Dentre os cinco subsetores mais exportados do Brasil para os países Árabes do CCG estão minérios de ferro, carne de frango in natura, açúcar em bruto, carne de boi in natura e ouro em formas semimanufaturadas.
Em busca de mais desenvolvimento e parcerias internacionais, o Brasil oferece inúmeras oportunidades para novos negócios. Uma delas é o investimento em infraestrutura, que não melhora apenas o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, mas também beneficia os países que importam bens nacionais, como os integrantes do bloco árabe. O agronegócio é um exemplo claro desta sinergia: mais investimentos em transporte e escoamento da produção trazem aumento da produtividade e consequentemente queda dos custos de produção.
Nesse sentido, nações árabes podem – e devem – apostar nos programas brasileiros de incentivo ao investimento externo e de aprimoramento do modelo de concessões. Há diversos projetos em curso, acompanhados detalhadamente pela ApexBrasil, que influenciam diretamente nesta expansão dos negócios e consolidação da relação econômica do Brasil com o bloco. O Programa de Parceria de Investimentos (PPI), lançado em 2016, prevê a oferta a investidores de 128 ativos apenas em 2022, incluindo 18 portos e 25 aeroportos. O programa Pro Trilhos permite que a iniciativa privada construa ferrovias em 14 estados, além de planejar a duplicação da quantidade de linhas férreas no Brasil nos próximos oito anos.
Ainda na área de infraestrutura, um dos setores mais favorável ao investimento estrangeiro é o portuário. Com o aumento da produção agrícola e de mineração previsto para os próximos anos, o setor está convidativo ao capital externo, principalmente porque 95% do fluxo de comércio brasileiro passa pelos portos nacionais, sejam públicos ou privados. Legislações nacionais foram criadas e modernizadas recentemente, justamente com o objetivo de facilitar a atuação do capital estrangeiro.
Não é possível ignorar a vocação para exploração de combustíveis fósseis e gás natural, tanto brasileira quanto árabe. Enquanto os países árabes são fornecedores internacionais estratégicos desses insumos, o Brasil está mais do que aberto para receber investimentos nesse setor, principalmente após a descoberta do pré-sal, em 2007. Se, por um lado, o Brasil é referência na exploração de petróleo em águas profundas, no quesito gás natural o país amarga a 31ª posição em produção. A falta de infraestrutura para transporte e armazenamento desse insumo é o grande entrave para fazer o Brasil crescer nesse ranking – parece, então, uma excelente oportunidade de casar investimentos e necessidades.
Estes são apenas alguns setores da economia brasileira que estão abertos ao investimento dos países árabes. Ainda existem espaços e projetos em rodovias, saneamento básico, setor imobiliário, geração de energia elétrica, mineração.
Portanto, a parceria entre o Brasil e os países árabes consolida ainda mais oportunidades de investimento sólido, robusto e sustentável em solo brasileiro. Seja pelo tamanho da nossa nação, seja pela diversificação da nossa economia, o Brasil é um destino confiável de recursos para a prosperidade de qualquer nação, em especial dos nossos irmãos árabes.
*Lucas Fiuza é diretor de Negócios da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil)