São Paulo – Brasil e Sudão fecharam, no início deste mês, uma importante parceria agrícola que pode aumentar em até três vezes o atual volume de produção de algodão do país árabe, que hoje é de 80 mil toneladas/ano.
O acordo foi realizado entre a Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa) e o ministro da Agricultura do Sudão, Elzubeir Bashir Taha, durante visita de seis dias de uma comitiva de produtores do estado brasileiro ao país árabe, informou Gilson Pinesso, presidente da Ampa, em entrevista à ANBA.
“A gente acredita que, com a tecnologia brasileira, nós vamos contribuir muito para sua produção. Acreditamos que o Sudão pode ter um aumento considerável na produção de fibra de algodão, com qualidade talvez compatível com a nossa”, afirmou Pinesso. “Eles dispões de muita terra fértil. Com a implementação de tecnologia, é possível, em curto prazo, dobrar ou triplicar a produção. É preciso voltar-se para uma produção empresarial de larga escala”, destacou.
Ele ressaltou ainda que o Sudão tem “vastas áreas a serem cultivadas e um clima bastante propício à cultura de algodão”. Além disso, diz, “seu porto está bem localizado, fácil de atingir mercados como Paquistão, China, Índia e Indonésia, que são hoje os principais destinos do algodão”.
Segundo o executivo, o objetivo da parceria é “levar tecnologia, variedades brasileiras e implementar um projeto que vá trazer sustentabilidade à produção local”. “Queremos aplicar no Sudão o que fazemos no Mato Grosso, onde as pessoas fazem parte do sucesso da cadeia”, completa, mencionando os projetos sociais desenvolvidos no estado com as pessoas que trabalham na produção de algodão.
Um dos projetos, que deve ser iniciado entre o final de abril e o começo de maio, é a implementação de um campo experimental para o cultivo de 100 hectares de soja e 500 hectares de algodão, no sul do país, a 400 quilômetros da capital Cartum.
Inicialmente, a Ampa enviará dois agrônomos para dar início ao desenvolvimento do campo, que deve começar a ser cultivado em junho, com sementes doadas pela associação brasileira. A primeira colheita deve ser realizada já em novembro.
Outra etapa da parceria, que está em discussão com o ministro do Sudão, é a implantação de um escritório do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMA) no país.
“O assunto está em pauta, e vamos rediscuti-lo na vinda do ministro [sudanês da Agricultura] em maio para a Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola)”, ressaltou Pinesso.

