Omar Nasser, da Fiep*
Curitiba – O Sudão tem um grande interesse em intensificar as relações comerciais com o Brasil, especialmente nas áreas de petróleo e alimentos. A informação é do embaixador do país em Brasília, Rahmatullah Muhammad Osman. Nos dois primeiros meses deste ano, o comércio bilateral chegou a US$ 75 milhões, bem acima do total do ano passado, que foi US$ 69,4 milhões.
Osman veio a Curitiba para organizar a participação do ministro do Meio Ambiente sudanês, Ahmad Babker Nahar, na 8ª Reunião da Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP8). O evento, promovido pela Organização das Nações Unidas, começou no último dia 20, termina no próximo dia 31 e conta com a presença de autoridades e especialistas em meio ambiente de vários países árabes. Além do Sudão, estão representados a Arábia Saudita, Jordânia, Kuwait, Iêmen e Argélia.
O embaixador entende que há boas perspectivas de incremento nas relações entre o Brasil e o Sudão. O país lançou recentemente um programa de atração de investimentos estrangeiros que prevê, entre outros benefícios, carência de 10 anos para pagamento de impostos e isenção de tributos na importação de máquinas. Os empresários brasileiros poderão se beneficiar destas medidas.
De acordo com o diplomata, já se pode sentir maior interesse mútuo. "Há muito tráfego entre os dois países", completa, referindo-se às comitivas que cruzam o Atlântico para detectar oportunidades de investimento e cooperação. Osman lembra que o Sudão viveu uma guerra civil de 22 anos e que, em função disso, tem grandes necessidades, além de oportunidades a oferecer.
Celeiro árabe
O país tem uma produção diária de petróleo de 500 mil barris, devendo chegar a um milhão até o final de 2008. A Petrobras, segundo o embaixador, pode ajudar neste esforço. O petróleo sudanês é explorado no continente e a empresa brasileira tem, segundo ele, a melhor tecnologia para exploração de petróleo off shore. Com vistas a viabilizar esta parceria, três meses após ter se instalado em Brasília, Osman reuniu-se com o presidente da Petrobras, Luiz Eduardo Dutra. Uma visita do presidente da estatal ao Sudão deverá ocorrer em breve.
Outro segmento em que se está viabilizando a cooperação entre os dois países é o da agricultura. O país africano, conhecido como "O Celeiro do Mundo Árabe", é grande produtor de algodão, tem um grande rebanho de ovinos e bovinos e é o maior produtor mundial de goma arábica, respondendo por 80% da oferta do insumo. Possui, ainda, grandes reservas de ouro, especialmente no Norte, onde estão localizados os campos de petróleo.
O relacionamento entre o Brasil e o Sudão vem crescendo, especialmente após a instalação da embaixada do país em Brasília, há dois anos. "Considerando este tempo curto, estamos muito bem", observa o embaixador. Relações diplomáticas entre as duas nações existem há muito tempo, mas vinham sendo administradas a partir de um escritório em Nova Iorque. Um novo impulso aconteceu a partir de maio do ano passado, quando foi realizada, em Brasília, a Reunião de Cúpula América do Sul – Países Árabes, conta Osman.
*Federação das Indústrias do Estado do Paraná