Da redação
São Paulo – O comércio bilateral entre Brasil e Ucrânia mais que dobrou em 2003, mas o governo brasileiro pretende conseguir resultados melhores este ano. O primeiro passo foi dado ontem (18), com a 2ª Reunião da Comissão Intergovernamental Brasil-Ucrânia de Cooperação Econômica, coordenada pelo secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Marcio Fortes de Almeida, e pelo ministro de Política Industrial da Ucrânia, Olexander Neustroyev.
Também participaram da reunião, além do embaixador da Ucrânia no Brasil, Yuri Bogaievsky, os secretários, Carlos Gastaldoni, de Desenvolvimento da Produção, Ivan Ramalho, de Comércio Exterior, e Mario Mugnaini, da Câmara de Comercio Exterior (Camex).
Um dos pontos relevantes da conversa foi o intercâmbio comercial entre os dois países, que apresentou um déficit de US$ 69 milhões para o Brasil em 2003. No ano passado o Brasil exportou US$ 93 milhões para a Ucrânia, principalmente em café, carne de frango e fumo, um crescimento de 51% em relação aos US$ 61 milhões exportados em 2002. As importações em 2003 somaram US$ 162 milhões, em produtos como uréia, nitrato de amônio e sulfato de amônio, crescendo 229% em relação a 2002 (US$ 49 milhões).
Embora o resultado da balança comercial tenha passado de um saldo positivo de US$ 12 milhões, em 2002, para US$ 69 milhões negativos, em 2003, houve um crescimento expressivo na corrente de comércio dos dois países, passando de US$ 111 milhões em 2002 para US$ 256 milhões em 2003.
"Podemos aumentar o comércio bilateral entre o Brasil e a Ucrânia neste ano", disse o secretário executivo do MDIC, referindo-se aos bons resultados apresentados no mês de janeiro na relação comercial entre os dois países. Em janeiro, o Brasil importou US$ 17 milhões da Ucrânia, ante US$ 6 milhões no mesmo período do ano passado, e exportou US$ 13 milhões, contra US$ 5 milhões em janeiro de 2002.
Na área de tecnologia industrial, a Ucrânia manifestou interesse em discutir a troca de informações, e, especificamente, em fornecer ao Brasil turbinas a gás. Além disso, o governo brasileiro também manifestou interesse em receber ajuda ucraniana em novos projetos nas áreas de cimento e petroquímica.
Na área de defesa comercial, a Ucrânia pediu orientações para proceder como a Rússia e pedir a revisão da taxa de direito antidumping aplicada pelo Brasil sobre o nitrato de amônio destinado exclusivamente à fabricação de fertilizantes, hoje em 19% para a Ucrânia. Com a taxação em 32,1% do nitrato russo, a Ucrânia vendeu 170 mil toneladas a mais ao Brasil em 2003, totalizando US$ 22 milhões, contra US$ 4 milhões em 2002. O Brasil disponibilizará as informações necessárias sobre os procedimentos a serem seguidos pelo governo e pelas empresas ucranianas para a mencionada revisão.
A Ucrânia também solicitou que seja reconhecida como economia de mercado, e não como economia planificada, como é atualmente para fins de avaliação nos processos de defesa comercial.
Dentro da Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior, o governo convidou a Ucrânia a conhecer o trabalho de desenvolvimento de software bancário nacional, setor onde o Brasil é referência mundial. A exemplo do evento que será realizado em maio, na Rússia, o Brasil sugeriu a possibilidade de realizar um seminário sobre software também na Ucrânia. A proposta foi prontamente aceita pelo ministro ucraniano.
Para Neustroyev, os interesses coincidem, principalmente nas questões comerciais. O ministro disse ainda que considera o Brasil um parceiro muito importante. "A partir de hoje, cada taça de café brasileiro consumida será a celebração da cooperação comercial entre a Ucrânia e o Brasil", completou o ministro de Política Industrial da Ucrânia.
O secretário executivo do MDIC propôs a realização de reuniões comerciais bilaterais periódicas entre os dois ministérios. O Brasil realiza mensalmente este tipo de reunião com a Argentina, já acordou com a Rússia a realização de um encontro a cada três meses, e estará iniciando esse procedimento negocial com México e Portugal.

