São Paulo – Após os Emirados Árabes Unidos emitirem certificação para importação de búfalos vivos do Brasil, a Associação Brasileira dos Criadores de Búfalo (ABCB) prevê um crescimento das exportações. De acordo com o presidente da ABCB, Caio Rossato, a certificação pelos Emirados “vem em boa hora”, pois a abertura de mais este mercado estimula a produção nacional.
Rossato projeta uma grande demanda pela compra de búfalos vivos, tanto para produção de leite quanto de carne, e não apenas para os Emirados Árabes Unidos como para todos os países árabes. “Na atualidade, levando em consideração questões sanitárias de rebanho, o Brasil tem grande potencial para ser um dos maiores exportadores também de bubalinos”, diz o presidente da ABCB.
Pesquisador da unidade Amazônia Oriental da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), José Ribamar Marques afirma que o rebanho brasileiro é de “excelente qualidade” e avalia que há uma grande oportunidade para vender animais aos árabes. “Eles têm preferência pelos animais vivos porque querem fazer o abate de acordo com os seus preceitos religiosos”, afirma Marques lembrando que entre os países da região, o Egito é o maior produtor de búfalos.
O maior exportador mundial de búfalos vivos é a Índia, país que, por questões religiosas, não pode explorar o rebanho de bois e vacas, também um dos maiores do mundo. Por outro lado, os destinos mais recentes de búfalo vivo a partir do Brasil, segundo Rosseto, foram Filipinas, Venezuela e Angola.
Marques afirma que o rebanho brasileiro é estimado em 1,4 milhão de animais, sendo que o estado do Pará concentra 45% da produção, percentual que sobe a 65% quando incluídas as criações de Amazonas e Amapá. Rio Grande do Sul e São Paulo são outros produtores de destaque, embora em todas as regiões brasileiras existam criações de búfalo.
Rebanho estável
O rebanho se mantém estável, segundo Marques, porque há cerca de seis anos a Venezuela, a Argentina e a Colômbia importaram entre 15% e 20% das fêmeas de búfalo também para formar rebanhos. Essa compra dos vizinhos latino-americanos afetou a expansão do rebanho brasileiro.
“Quando se exporta fêmeas, demora para conseguir retomar a expansão”, afirma. O pesquisador diz que há um grande potencial para a produção e exportação de búfalos vivos nos próximos anos porque há uma grande demanda pelo consumo de carne de búfalos dentro do Brasil e, por isso, oportunidades para se expandir a produção para o consumidor doméstico e para exportação. “A bubalinocultura é a pecuária alternativa mais promissora para exportação”, afirma.
Há quatro raças criadas no Brasil: murrah e jafarabadi procedentes da Índia, carabao originária de países do Sudeste Asiático, como Indonésia e Vietnã, e o búfalo mediterrâneo, com origem na Itália.
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De acordo com dados do Comexstat, sistema de estatísticas de comércio exterior do Ministério da Economia, em 2018 o Brasil não exportou búfalos e em 2020 as exportações somaram US$ 639, uma queda diante dos US$ 13.286 exportados em 2019. Na ocasião, US$ 12.100 em animais vivos foram para o Líbano, país árabe do Oriente Médio que, no ano passado, não importou nada. Outros US$ 1.186 foram exportados para Angola também em 2019.
*Reportagem de Marcos Carrieri, especial para a ANBA