São Paulo – O mercado brasileiro importou uma média anual de mil toneladas de tâmaras nos três últimos anos. Neste ano o volume caiu praticamente pela metade em função da pandemia de covid-19, mas em 2019 as compras foram de 1,1 mil toneladas, em 2018 de 994 toneladas, e em 2017 de 933 toneladas. Nos dois anos anteriores, as importações ficaram entre 600 toneladas e 800 toneladas, segundo a base de dados do governo federal.
Os países árabes são grandes produtores de tâmaras e os principais exportadores da fruta para o Brasil. Quem trabalha no segmento, no entanto, percebe que as compras do País, apesar de crescentes, ainda são bem pequenas diante das possibilidades do mercado nacional, formado por mais de 200 milhões de consumidores. As tâmaras não são um alimento conhecido ou que está na dieta cotidiana dos brasileiros.
“O Brasil é um país ainda virgem referente não só a tâmaras, mas a frutas secas como um todo. Tudo o que nós não produzimos aqui dentro, as pessoas não conhecem”, afirma a empresária Julia de Biase, que passou a atuar nesse mercado em 2017 importando tâmaras dos Emirados. As tamareiras são encontradas principalmente em lugares desérticos e não há plantações em larga escala no território brasileiro.
De acordo com Julia, o consumo de tâmaras no Brasil é sustentado principalmente pelo segmento fitness, por consumidores que procuram alimentação balanceada e estão preocupados com a nutrição. Segundo ela, a turma fitness consome a tâmara como um suplemento alimentar. “Sai da academia e come para tirar aquela vontade de comer doce”, diz. Julia percebe que a tâmara está começando a ser usada também como ingrediente no bolo, pão, papinha. Ela mesma criou uma marca de açaí com tâmaras.
Quem comercializa as tâmaras no Brasil são os empórios, lojas de produtos naturais, além de mercadões e grandes redes de supermercados. Mas Julia acredita que o consumo pode ir bem além se houver um trabalho das empresas exportadoras para divulgar a tâmara como alimento. “O Brasil é um país enorme, a partir do momento que as empresas começarem a investir em publicidade e divulgação, o consumo vai crescer muito”, afirmou a empresária para a ANBA.
Julia conta que além ser desconhecida no Brasil, as pessoas – inclusive nas redes de varejo – não sabem dos diferentes tipos da fruta que há e dos benefícios do consumo para a saúde. “Existem mais de 180 tipos de tâmaras só na região do Golfo”, relata. No mercado brasileiro a mais conhecida é a medjool, que é graúda e usadas pelos consumidores para colocar morangos dentro. Julia vende as tâmaras khalas e fard, da marca Date Crown da empresa Al Foah, dos Emirados. “São tão boas ou melhores do que a medjool”, afirma, relatando que teve um grande trabalho para mostrar isso ao varejo.
Ano atípico para tâmaras
Neste ano, de janeiro a setembro, o Brasil importou 524 toneladas de tâmaras e os fornecedores foram Tunísia e Irã. Julia conta que Emirados devem entrar nessa lista em breve porque ela está trazendo um contêiner do país ao Brasil na próxima semana. No ano passado, as 1,1 mil toneladas de tâmaras importadas pelo mercado brasileiro foram fornecidas por Tunísia, Argélia, Turquia, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Líbano e China, segundo os dados públicos.
A queda neste ano ocorreu por causa da covid. A valorização do dólar diante do real também influenciou pois deixou mais caras as importações. “A tâmara você compra e vai para a academia, vai caminhar, é uma fruta para fazer esportes, mas as pessoas ficaram em casa, então elas compraram produtos de higiene e alimentação básica apenas”, explica Julia. A empresária acredita que assim que a situação mundial com a covid-19 se normalizar, as vendas de tâmaras voltam ao patamar anterior no Brasil. “Tenho certeza que 2021 vai ser um ano muito acolhedor para essa fruta”, diz.