Cairo – A experiência do Bolsa Família, programa de transferência de renda do governo brasileiro, será apresentada hoje (16) aos participantes do fórum sobre proteção social, organizado pelo Banco Mundial, que começou ontem no Cairo, capital do Egito.
O evento, que vai até quarta-feira, reúne quase 200 participantes, principalmente profissionais da área social e formuladores de políticas públicas de todo o mundo. Ele tem como principais objetivos o intercâmbio de informações e a identificação de boas práticas na área social e no enfrentamento do cenário de crise no sistema financeiro, no ramo de alimentos e no de combustíveis.
Durante os três dias de trabalho, cerca de 30 participantes vão falar sobre experiências promovidas em países como Indonésia, Bangladesh, Colômbia, China, Índia, Iêmen, Jamaica, Peru, Quênia, Nepal, Tailândia, Turquia, Filipinas e Paquistão, além do Brasil.
O Brasil está representado por Cláudia Regina Curralero, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).
“Muitos países estão buscando atenuar os efeitos da atual tripla crise – financeira, alimentar e energética – através da formulação de políticas de proteção social”, disse a economista chefe da Unidade de Proteção Social e Rede de Desenvolvimento Humano do Banco Mundial, Margaret Grosh. Segundo ela, os países são, no entanto, confrontados no momento da implementação de suas políticas por uma gama de dificuldades e desafios. “Por essa razão geralmente é muito útil para certo país conhecer o que está ocorrendo ou tendo sucesso em outros países. É uma maneira de promover um intercâmbio e aprendizado entre países do Sul na área social”, acrescentou.
Na busca de soluções para as três dimensões de crise abordadas no fórum, os palestrantes falam das conseqüências em seus países e mostram algumas respostas que estão sendo adotadas para enfrentá-las. “As respostas são dadas por uma gama de programas e políticas, ilustrando sua complexidade e a variedade de escolhas disponíveis”, afirmou Margaret. “Queremos tirar lições das crises anteriores e entender como elas determinaram as respostas que estão sendo escolhidas neste momento”, declarou.
Segundo a economista norte-americana, os critérios de participação na conferência são apenas o interesse do próprio país em compartilhar suas experiências bem sucedidas na área social, ou conhecer melhor as práticas nessa seara adotadas por outras nações.
O Bolsa Família é um dos grandes centros de atenção do evento. “O Bolsa Família está tendo uma repercussão e um impacto extremamente positivos nos trabalhos na área social, no sentido em que ele é visto hoje como um mecanismo modernizador da assistência social”, destacou Margaret. “A iniciativa brasileira é um excelente exemplo de como operar um ambiente descentralizado, e o uso do registro social unificado para identificar beneficiários é também uma das experiências que estamos tentando compartilhar com muitos outros países que enfrentam sérios problemas ligados à pobreza”, acrescentou.
De acordo com ela, a experiência do Bolsa Família está sendo hoje aplicada em mais de 30 países em todo o mundo.
Para o chefe do setor de políticas sociais e analise econômica da Divisão de Práticas Políticas do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Gaspar Fajth, o Bolsa Família é considerado como uma experiência extremamente importante no cenário mundial, sobretudo para o Unicef. “A redução da pobreza é um dos maiores desafios da humanidade neste momento. Por isso a iniciativa do Bolsa Família, que se preocupa não somente em fornecer ajuda [financeira] às famílias necessitadas, mas também condiciona essa ajuda à educação das crianças, faz com que ela se enquadre inteiramente nos fundamentos do Unicef”, disse. “A proteção social das crianças e a busca para que elas possam ter seus direitos fundamentais garantidos são nossas principais preocupações, e as reconhecemos facilmente na experiência e nos trabalhos do Bolsa Família”, declarou.