Roma, Itália – Dois filmes produzidos no Brasil estão participando da quinta edição do Festival Internacional de Cinema de Roma. O evento começou na quinta-feira (28) e termina na sexta-feira (05). ‘As melhores coisas do mundo’, de Laís Bodanzky, filmado em São Paulo, e ‘A mão e a luva’, do cineasta italiano Roberto Orazi, no Recife, serão apresentados em Roma pela primeira vez, respectivamente, na segunda-feira (01) e na quarta-feira (03). Os dois concorrem a premiações no festival.
‘As melhores coisas do mundo’ se passa em São Paulo e conta a história de Mano, um garoto de quinze anos que adora tocar guitarra, se divertir com os amigos, andar de bicicleta e, claro, namorar. Baseado no personagem homônimo, criado pelo jornalista Gilberto Dimenstein e Heloísa Pietro, o filme conta as experiências de um adolescente numa cidade como São Paulo. A produção mostra a realidade da grande metrópole, mas não se foca nos estereótipos de violência e das favelas. No filme, Mano descobre o amor, redescobre a família e os amigos. Aos quinze anos, o personagem enfrenta a separação dos seus pais, o primeiro amor e as primeiras experiências sexuais.
O filme integra a seção ‘Alice na cidade’, dedicado ao público adolescente, e será exibido nos dias 01, 02 e 03 de novembro em Roma. Além do filme brasileiro, treze outras produções participam da seção, como o francês ‘Leila’, de Audrey Estrougro, e ‘Tetê de Turc’, de Pascal Elbé. Todos os filmes estão em concurso e serão avaliados por um júri composto de crianças e adolescentes. O vencedor recebe 10 mil euros.
‘A mão e a luva’, de Orazi, participa na seção ‘Outro cinema’. O documentário conta a história do pernambucano Ricardo Gomez Ferraz, de 35 anos, conhecido como Kcal. O personagem vive no Recife, numa das áreas mais pobres da capital pernambucana, é músico, poeta e apaixonado por literatura, desde que, por acaso, aos 16 anos, encontrou, no lixo, o livro ‘A mão e a luva’, de Machado de Assis. Devagar e com muito amor, Kcal vai montando sua biblioteca com um nobre fim: dividir a paixão pela leitura com as crianças e adolescente da favela onde vive. Se apelida o ‘Traficante de livros’. Numa casa de palafitas, suspensa na água, na Favela do Pina, Kcal incentiva a leitura. Faz isso por anos até que, em 2008, quando sua livroteca completa 15 anos, é reconhecido nacionalmente, recebendo o prêmio ‘Faz Diferença’, na categoria País, concedido pelo jornal ‘O Globo’.
Em 2009, a livroteca de Kcal ganhou outro reconhecimento, desta vez do ministro da Cultura do Brasil, Juca Ferreira. A ideia do pernambucano passa a ter a possibilidade de ser difundida e aplicada em outros lugares do país por meio do projeto ‘Livroteca Os Guardiões’. Atualmente, seguindo o modelo de Kcal, existem mais de 500 livrotecas espalhadas pelo Brasil.
O filme ‘A mão e a luva’ será exibido duas vezes em Roma, nos dias 03 e 04. A produção concorre com outros 11 documentários. Também fazem parte da seção ‘Outro cinema’ quatro documentários e oito longas-metragens, mas que estão fora do concurso.
O festival
Em sua quinta edição, o Festival Internacional de Cinema de Roma acontece no Auditorium Parco della Musica di Roma, complexo arquitetônico da capital italiana projetado pelo arquiteto Renzo Piano. O evento è realizado pela Fondazione Cinema per Roma, da qual fazem parte a prefeitura, a região Lazio, a província de Roma, a Câmara de Comércio local e a Fondazione Musica per Roma. Nas quatro edições anteriores, o festival registrou mais de dois milhões de visitantes e uma média de 100 mil bilhetes vendidos por edição.
O evento é dividido em quatro seções: ‘Oficial’, ‘Alice na cidade’, ‘Outro cinema’ e ‘Olhos no mundo’, cada qual com um grupo de filmes selecionados. Na seleção ‘Oficial’, grandes diretores como Martin Scorsese, com ‘Boardwalk Empire’, Massy Tadjedin, com ‘Last Night’. ‘Alice na cidade’ abre espaço para produções dedicadas a adolescentes e jovens; ‘Outro cinema’, para documentários, e ‘Olhos no mundo’ homenageia a produção cinematográfica de um país. Este ano os olhares são para o Japão. Na seleção estão filmes recentes, de 2010, e produções da década de 1980, como as dirigidas por Takahata Isao.