São Paulo – Famoso em todo o planeta como destino de turismo de lazer, o Brasil também tem atraído estrangeiros interessados em estudar. Com agências especializadas em auxiliar alunos a encontrar cursos, programas de voluntariado e até estágios por aqui, o País está entrando na rota mundial do turismo de estudos.
“Existem muitos programas diferentes”, destaca Rafaela Rolim, coordenadora do Study in Brazil, programa da Brazilian Educational & Language Travel Association (Belta), associação que reúne as principais instituições brasileiras que trabalham nas áreas de cursos, estágios e intercâmbio no exterior. O Study in Brazil reúne dez entidades que oferecem o serviço de turismo de ensino receptivo no Brasil, ou seja, auxiliam estrangeiros que querem estudar aqui.
Os programas de intercâmbio no Brasil são bem variados. Há, por exemplo, cursos intensivos e extensivos para o estudo da língua portuguesa. “Estas escolas também oferecem atividades culturais e esportivas, como mergulho e aulas de capoeira”, diz Rolim.
Programas de Service Learning, na qual o aluno faz trabalhos comunitários em sua área de atuação, estão disponíveis, enquanto o Faculty Lab Program oferece a oportunidade a grupos de alunos de uma mesma universidade fazerem uma viagem temática, sobre liderança, por exemplo, visitando empresas, conhecendo casos de sucesso e também vendo as belezas do País. Existem também programas para falantes nativos de inglês que queiram ensinar seu idioma aqui.
Estudantes estrangeiros de graduação ou pós-graduação podem se candidatar a programas de estágios de dois a quatro meses no Brasil, e não é necessário falar português. “O inglês é um pré-requisito. Geralmente estas empresas (que aceitam estrangeiros) têm contato com o mercado internacional”, conta Rolim, destacando que cada empresa tem as suas exigências particulares para aceitar um intercambista.
Para quem quer fazer o ensino médio no Brasil, o português não é uma barreira. “Geralmente os alunos têm um curso intensivo de português antes de as aulas começarem”, explica Rolim. Já os voluntários têm a opção de aprender ou não a língua. “Os projetos sociais estão acostumados a lidar com estrangeiros”, diz.
O tempo de duração dos programas é bastante diversificado. Os estágios podem durar de dois a quatro meses; os programas de voluntariado, de duas a 12 semanas; as viagens de Faculty Lab costumam durar de uma a duas semanas; enquanto os estrangeiros que vêm dar aulas de inglês ficam de quatro a 12 semanas por aqui. Os programas mais longos são os do ensino médio, que podem durar um semestre ou um ano.
Em geral, os estudantes que vêm estudar aqui têm interesse também em fazer turismo de lazer. “O Brasil tem uma imagem de país tropical. Os estrangeiros tendem a viajar bastante para conhecer outras cidades”, aponta Rolim.
Segundo a executiva, ainda há poucas agências de turismo de estudos receptivo no País. “É uma área em crescimento no Brasil”, aponta. Segundo ela, a Belta trabalha para garantir a “qualidade e a credibilidade” das empresas e escolas que participam dos programas.
Nos programas de português para estrangeiros, as cidades que mais recebem alunos são Salvador, na Bahia, e Florianópolis, em Santa Catarina. Para as viagens do Faculty Lab Program, São Paulo é o município que mais recebe estrangeiros. Nos programas de estágio, a capital paulista e Curitiba, no Paraná, são os principais lugares, e para os estudos de ensino médio, a cidade que mais recebe alunos é São Luiz, no Maranhão.
Entre os principais países de origem dos estudantes e voluntários estão Estados Unidos, Finlândia, Noruega, Suécia, Alemanha, Austrália, Colômbia e Bolívia. O Ministério do Turismo ainda não divulgou os números de alunos que vieram ao País em 2015, mas em 2014 o Brasil recebeu 115 mil estudantes estrangeiros.
Antes de fazer as malas, porém, é preciso ver qual tipo de visto é necessário para entrar no País. Para os programas de curta duração, os estrangeiros podem vir ao Brasil com visto de turista. Para os programas de estágio, é preciso um visto específico, atrelado à assinatura de um contrato com uma empresa no País. Programas de aprendizagem de português podem ser feitos com visto de turista ou de estudante, dependendo da duração do curso, enquanto as aulas de ensino médio pedem um visto de estudante, que terá a validade da duração das aulas.
O fator financeiro, que costuma preocupar estudantes que querem sair de seus países, também deve ser considerado. A desvalorização do real, no entanto, tem contribuído para atrair estudantes estrangeiros. “O Brasil sempre foi considerado um destino caro. Equador e Peru, por exemplo, ficavam mais barato”, diz Rolim. “É um momento favorável para os estrangeiros optarem pelo Brasil”, aponta.
Mais informações sobre estudos no Brasil estão disponíveis no site http://studyinbrazil.com.br/. A lista de agências associadas pode ser encontrada na aba “Affiliated – Find an Institution”.


