São Paulo – O embaixador Paulo Cordeiro, subsecretário-geral de Política III do Itamaraty, teve um rápido encontro com o presidente egípcio, Abdel-Fattah El-Sisi, na Conferência de Desenvolvimento Econômico do Egito, que começou nesta sexta-feira (13) e vai até domingo (15) no balneário de Sharm El-Sheikh, na Costa do Mar Vermelho. Ele afirmou ao chefe de estado que o Brasil tem interesse em promover ações de cooperação bilateral.
“Eu disse ao presidente que o Brasil tem áreas de excelência que podem servir para alavancar as relações com o Egito”, declarou o diplomata à ANBA por telefone. O cargo de Cordeiro equivale ao de vice-ministro e ele é responsável pelas relações com o Oriente Médio e a África no Ministério das Relações Exteriores.
O embaixador cumprimentou Sisi em nome do governo brasileiro, que agradeceu à presidente Dilma Rousseff pelo envio de representantes ao evento. De acordo com Cordeiro, o Brasil foi o único país da América do Sul a mandar funcionários da capital à conferência, os demais mandaram seus embaixadores no Cairo.
O diplomata contou que o fórum recebeu representantes de governos de diversos países, entre ministros, chefes de estado e de governo, o que demonstra a grande preocupação que há com a estabilidade econômica, social e política do Egito “como fato importante para a segurança regional”.
“É uma conferência extremamente importante sobre o futuro do Egito, uma visão de como o país deve ser”, destacou Cordeiro. “Há um grande número de líderes árabes, do Mediterrâneo, da China e dos Estados Unidos, que reafirmam o Egito como parte essencial do mundo árabe”, acrescentou.
De acordo com o site do jornal egípcio Al Ahram, países árabes do Golfo anunciaram US$ 12,5 bilhões em ajuda econômica e investimentos no Egito, sendo que Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Kuwait prometerem US$ 4 bilhões cada, e Omã, US$ 500 milhões.
Segundo Cordeiro, o evento serve como foro de apoio ao Egito na luta contra o radicalismo e mostra esperança na construção da democracia e do respeito aos direitos humanos no país.
Cordeiro agradeceu a participação da Câmara de Comércio Árabe Brasileira na conferência, por meio do executivo de relações governamentais da entidade, Tamer Mansour. Ele ressaltou que a instituição é interlocutora de grandes companhias.
Quatro anos após a Primavera Árabe, que no Egito pôs fim aos quase trinta anos de regime do ex-presidente Hosni Mubarak, o país tenta mostrar com a conferência que retomou o caminho da estabilidade política e do desenvolvimento econômico. O governo pretende despertar o interesse de investidores locais e estrangeiros com a conferência, cujo subtítulo é Egito: o futuro. O fraco desempenho econômico, o desemprego e a inflação estão na raiz da insatisfação popular.
Há, no entanto, muitas dúvidas sobre a democratização do país. Sisi foi eleito após ter liderado a derrubada do ex-presidente Mohamed Morsi, da Irmandade Muçulmana, eleito após a queda de Mubarak, e seu governo tem reprimido duramente a organização político-religiosa e outros opositores.


