São Paulo – Impostos, dificuldade para garantir o cumprimento de contratos e estrutura regulatória e fiscal “fraca” foram alguns dos fatores que fizeram o Brasil cair duas posições para o 32º lugar na edição de 2012 do Financial Development Report, divulgado nesta quarta-feira (31) pelo Fórum Econômico Mundial. Na lista, liderada por Hong Kong, o Brasil está atrás do Chile, que, segundo o levantamento, tem o melhor sistema financeiro da América Latina. Entre os árabes, o melhor colocado foi o Kuwait, que em 21º lugar ganhou sete posições. O levantamento é publicado desde 2008.
Para avaliar os sistemas financeiros, a pesquisa considerou o desempenho de 62 países em sete “pilares” e outros temas secundários, que são: ambiente institucional, que avalia a governança corporativa e o cumprimento de contratos; ambiente de negócios, que considera fatores como impostos, capital humano e custos; estabilidade financeira (dívidas soberanas e crises bancárias); serviços financeiros bancários, que avalia o tamanho dos bancos, eficiência e transparência; serviços financeiros não bancários (como seguros e aberturas de capital); mercado financeiro (títulos, derivativos e câmbio); e acesso a serviços financeiros, como o acesso disponível ao varejo.
Segundo o estudo, o Brasil caiu porque teve desempenho fraco em pilares como estabilidade financeira, no qual ocupa a 24ª colocação, mercados financeiros e acessos financeiros, itens nos quais é o 32º colocado. O desempenho do País permaneceu estável em ranking de moedas (6º) e de estabilidade do sistema bancário (33º). A avaliação é ruim, porém, em ambiente de negócios (49ª posição), regime fiscal (58º), alto custo para fazer negócios (48º) e por ter um conjunto de capital humano fraco na comparação com os outros países (43º lugar). O Brasil foi bem avaliado em relação aos serviços não bancários (11º) e seguros (10º lugar).
Já o Chile, que ultrapassou o Brasil, ficou em 2º lugar no ranking de baixo risco da dívida soberana, foi o 7º colocado entre os países com maior estabilidade financeira e o 11º em estabilidade do sistema bancário. Mesmo assim, o país foi mal avaliado no acesso do varejo ao crédito e por ter sistemas bancários classificados de pequenos e ineficientes.
Entre os países árabes, o Kuwait foi o melhor colocado porque, segundo o estudo, fortaleceu aspectos prioritários do estudo como o acesso financeiro, no qual ocupa a 10ª posição no ranking. Já no que classifica como “subpilares”, o país ficou em 12º lugar no ranking de estabilidade financeira, 1º no risco da dívida soberana e 15º no de estabilidade da moeda.
Todos os outros países árabes incluídos nesta lista pioraram em relação a 2011. O Bahrein caiu do 24º para o 25º lugar; os Emirados Árabes Unidos, do 25º para o 26º; a Arábia Saudita, do 23º para o 31º; a Jordânia, do 32º para o 33º; o Marrocos, do 42º para o 45º; e o Egito, do 49º para o 53º.
As primeiras colocações do ranking não mudaram em relação a 2011 e são ocupadas, nesta ordem, por Hong Kong, Estados Unidos, Reino Unido, Cingapura, Austrália e Canadá. Japão, Suíça, Holanda e Suécia completam a lista das dez nações com sistemas financeiros mais desenvolvidos na edição 2012 da pesquisa.
O presidente executivo do Fórum Econômico Social, Klaus Schwab, afirmou no relatório que, de uma forma geral, os países foram desde 2008 atingidos por crises que debilitaram suas economias. Ele disse também que os pequenos sinais de recuperação foram ofuscados pela generalizada fragilidade do sistema financeiro global, caracterizada por crescentes gastos com financiamento, preços das commodities e fluxo de capitais volátil. “Diante destas incertezas, está claro que restabelecer a crença nos mercados será tarefa monumental para legisladores tanto nas economias avançadas quanto nas emergentes.”

