São Paulo – A pesquisa “Panorama do Calçado – Emirados Árabes” elaborada pelo projeto setorial Brazilian Footwear mostra que há potencial para o Brasil ampliar as exportações de pares ao país do Golfo. De acordo com o levantamento, os Emirados Árabes Unidos importaram US$ 3,1 bilhões em calçados em 2023, tendo a China como seu principal fornecedor, com 30% do mercado.
Brazilian Footwear é uma parceria da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) para promover o produto no exterior. Os Emirados são um dos mercados-alvo do projeto.

O levantamento indica que as vendas de calçados do Brasil aos Emirados estão abaixo da média dos últimos dez anos. O recorde de vendas ao país do Golfo foi registrado em 2015, quando o Brasil exportou US$ 21,8 milhões e dois milhões de pares. No ano passado, o Brasil exportou US$ 6,78 milhões ao país árabe, em queda de 2,1% em relação a 2023, em um total de 504,7 mil pares, uma retração de 13,3% na mesma comparação. Os Emirados foram o 22º destino das exportações brasileiras.
A economista e coordenadora de Inteligência de Mercado da Abicalçados, Priscila Linck, afirma que o Brasil ainda não recuperou sua participação de mercado para os Emirados desde os impactos provocados pela pandemia de covid-19, a partir de 2020, e das alterações na ordem comercial internacional, fatores que voltaram a se acentuar neste ano.
“A dinâmica do mercado internacional resultou em acirramento da concorrência e maior fragmentação do consumo, favorecendo sobretudo fornecedores asiáticos, que detêm a maior parcela do mercado em produtos de menor preço, e exportadores europeus, mais presentes nos segmentos de maior valor agregado”, diz.
Ela diz que, mesmo diante dos desafios, os Emirados continuam a ser um mercado com pauta importadora diversificada e elevado potencial de compra. Além disso, diz Linck, o país é um polo de reexportação. Em 2023, os Emirados importaram US$ 3,1 bilhões em calçados, mas exportaram US$ 1,7 bilhão.
“O Brasil, quarto maior produtor de calçados do mundo e maior do Ocidente, dispõe de capacidade produtiva em diferentes segmentos, elevado padrão de qualidade e práticas sustentáveis, o que permite ampliar sua inserção em nichos em que ainda está abaixo da média do mercado local, como calçados de couro e de material têxtil, reforçando atributos de design e confiabilidade do produto brasileiro”, afirma Linck. Ela avalia, ainda, que presença maior do Brasil no mercado dos Emirados depende do estreitamento das relações com importadores e por meio de ações contínuas de promoção comercial.


