São Paulo – A erva-mate produzida no estado brasileiro do Paraná foi tema de seminário nesta terça-feira (11) organizado pela Invest Paraná. O economista da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Sotirios Ghinis, falou, de forma remota, sobre os caminhos para o mercado árabe no evento. Ele apontou que há demanda nos países árabes por erva-mate e que o Brasil poderia exportar mais do produto para a região.
Segundo o economista, os maiores importadores de erva-mate entre os 22 países árabes em 2021 foram Síria, Líbano, Arábia Saudita, Jordânia e Emirados Árabes Unidos. Os maiores exportadores da erva aos árabes, no mesmo ano, foram Argentina, Paraguai, Alemanha e Estados Unidos. Os árabes importaram US$ 50,71 milhões em mate, o equivalente a 24% da importação mundial em 2021, e destes, o Brasil vendeu a eles apenas US$ 74 mil.
Em 2022, o resultado foi ainda menor. O Brasil exportou aos árabes US$ 1.000 no ano passado, o equivalente a 0,001% da exportação de erva-mate do Brasil. Os principais destinos foram Emirados Árabes, Catar e Bahrein. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) e do Centro de Comércio Internacional (Intracen).
“Pesquisando a erva-mate (SH090300) pela nomenclatura do sistema harmonizado, me surpreendi negativamente pelo valor das nossas exportações para aquela região. É um número muito baixo [valores acima], e de janeiro a março deste ano, a exportação do Brasil para os países árabes é zero”, disse Ghinis.
Existe um investimento direto sírio na Argentina, onde estão produzindo lá e a erva é exportada diretamente para a Síria e o Líbano, informou o economista. “Os produtores do Paraná poderiam pensar em uma atração de investimentos nesses moldes. Existe valor na produção de vocês e isso merece ser explorado”, disse.
Apesar dos baixos números, há potencial para a erva-mate, já que os árabes são grandes consumidores de chás. A receita com o comércio de chá de todos os tipos nos países árabes entre 2013 e 2022 teve um crescimento de 3,3% ao ano, em média. Os principais consumidores foram Egito, Arábia Saudita, Marrocos, Argélia e Iraque. A projeção para o período de 2023 a 2025 é de um crescimento de 4,1% ao ano, em média, com o Egito na frente, seguido pela Arábia Saudita, Marrocos, Sudão e Emirados.
Sotirios Ghinis falou que na negociação com os árabes, o olho no olho é muito valorizado, e que os empresários devem ir para esses mercados para conhecer os potenciais clientes. Ele lembrou que muitos países árabes, como os Emirados Árabes Unidos, são hubs de reexportação para a região, com acordos de livre comércio com a África, Ásia, União Europeia e Estados Unidos. “Isso além de estarem em uma localização estratégica, manterem uma infraestrutura de excelência e terem incentivos a investimentos estrangeiros diretos (IED)”, contou. Ele reforçou que as zonas francas árabes podem ser utilizadas como plataforma de venda para o mercado global muçulmano, que representará um terço da população mundial em 2030.
O economista apresentou os serviços da Câmara Árabe e dos próximos eventos que a entidade irá participar. Entre eles, a feira APAS, em maio, em São Paulo; a missão para a África do Sul, em junho, a feira halal da Malásia, em setembro, o fórum Global Halal Brazil, em outubro, em São Paulo, e a feira Saudi Halal Expo, em novembro, na Arábia Saudita.
O evento teve realização da Invest Paraná, do governo do Paraná e do Núcleo Interdisciplinar de Gestão Pública.