Alexandre Rocha
São Paulo – O governo brasileiro poderá promover uma missão comercial para o Iraque nos próximos meses. A informação foi divulgada ontem (01) em São Paulo pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan.
Furlan disse que vai conversar sobre o assunto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o chanceler, Celso Amorim. A idéia, segundo ele, é fazer um convite ao governo interino iraquiano, empossado na segunda-feira (28), para mandar ao Brasil uma missão chefiada por um dos ministros do país árabe e, posteriormente, retribuir a visita com o envio de uma delegação brasileira.
Ele acrescentou que a insegurança existente hoje no país não inviabiliza a idéia. "Nesses assuntos a gente precisa ser pragmático", disse o ministro, referindo-se ao fato de que, apesar dos conflitos, existem oportunidades de negócios para as empresas brasileiras no Iraque.
Furlan disse que esteve no Iraque na década de 1980, durante a guerra contra o Irã, e o conflito não impediu que ele e outros empresários realizassem negócios no país. Na época ele era executivo da Sadia, uma das maiores empresas brasileiras do setor de alimentos e tradicional exportadora para o Oriente Médio.
Balança comercial
Ele destacou que o Brasil já está retomando as vendas para o Iraque, principalmente de alimentos e material de construção. De fato, de janeiro a maio deste ano a receita dos embarques brasileiros para o país árabe somaram US$ 28,7 milhões, um aumento de 86,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Já as importações (somente petróleo) chegaram a quase US$ 199 milhões nos primeiros cinco meses do ano, 12,85% a mais do que no mesmo período de 2003.
Por causa da guerra e da ocupação norte-americana, as vendas do Brasil para o Iraque em 2003 haviam caído quase 40% em comparação com 2002. Já as importações (também quase só petróleo) caíram 7,5% no ano passado.
Nos primeiros cinco meses de 2004, os principais produtos embarcados foram açúcar, tubos de ferro e aço, leite, tratores de lagarta e carne de frango. Além disso, na avaliação do presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira (CCAB), Paulo Sérgio Atallah, produtos brasileiros podem estar entrando no Iraque via países vizinhos, como a Síria por exemplo.
O Iraque já foi um dos principais parceiros comerciais do Brasil no Oriente Médio. As receitas das exportações brasileiras chegaram a mais de US$ 630 milhões em 1983 e as importações a mais de US$ 2 bilhões nos anos de 1983 e 1984. A balança comercial entre os dois países quase sempre foi favorável ao Iraque.

