São Paulo – A abertura do Fórum Econômico Brasil & Países Árabes trouxe temas como a importação e produção de fertilizantes e a ampliação e diversificação da pauta comercial entre os países. Em fala gravada, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, Marcos Montes (foto acima), defendeu que sejam feitas alianças de empresas árabes e brasileiras para a produção de fertilizantes no País.
Montes viajou ao Egito, à Jordânia e ao Marrocos em maio para negociar a ampliação do fornecimento do insumo ao Brasil, cujo abastecimento entrou em risco com a guerra na Ucrânia. O ministro quer que empresas desses países árabes, que fornecem cerca de 26% dos fertilizantes importados pelo Brasil, tenham fábricas também no território brasileiro.
“Por onde passei, colhi manifestações de interesse em realizar investimentos e fortalecer laços comerciais com o Brasil”, disse. “Nossa missão, agora, é transformar essas manifestações em oportunidades concretas de benefícios para todos os atores envolvidos”, afirmou Montes.
O compromisso do Brasil em assegurar o fornecimento de alimentos aos países árabes foi reforçado pelo ministro. Os 22 países da Liga Árabe somam 420 milhões de pessoas. Para Montes, o potencial de crescimento do comércio entre Brasil e países árabes é significativo. O desafio, segundo ele, é aumentar os volumes embarcados e diversificar a pauta comercial.
Brasil atrativo
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Carlos França, falou por vídeo na abertura. Em sua avaliação, o Brasil se tornou um dos mercados mais atrativos para investimento árabe no mundo e tem atraído somas crescentes de capital árabe, principalmente nos setores de infraestrutura, alimentos, manufatura e turismo.
“A despeito da pandemia e, mais recentemente, do conflito na Ucrânia, essas relações se tornaram mais intensas. Nosso comércio com os países árabes, que atingiu a cifra histórica de US$ 24 bilhões, ainda tem muito potencial”, disse o atual titular do Itamaraty. Carlos França também destacou a relevância dos árabes no fornecimento de fertilizantes ao agronegócio brasileiro.
Nova missão aos países árabes
O secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência da República do Brasil, Flávio Rocha, afirmou que a secretaria (SAE) fará uma nova missão de prospecção de investimentos a outros países árabes que não foram contemplados na primeira missão, realizada em junho, para nove nações. Rocha não detalhou quais serão os países visitados.
O Almirante Rocha destacou que a primeira missão deu visibilidade às indústrias aeronáutica e de defesa brasileiras, viabilizando negócios em ambas as frentes. “Entre o Brasil e o mundo árabe não existe só uma relação de compra e venda, mas de confiança, [como deve ser] entre países que se dispõem a fazer compra de produtos de defesa”, disse.
Ele afirmou ainda que a aproximação entre o Brasil e os países árabes não ocorre de forma fortuita. Para ele, as convicções geopolíticas das duas regiões são “convergentes”, não havendo impeditivo a um relacionamento próximo.
Circunstâncias sensíveis
O embaixador da Palestina e decano do Conselho dos Embaixadores Árabes no Brasil, Ibrahim Alzeben, enfatizou que a maioria dos embaixadores estava presente, o que segundo ele, prova a importância que eles dão ao fórum. “Que possamos continuar juntos a jornada que cresceu ao longo de sete décadas”, disse.
“Essa edição do fórum se realiza em circunstâncias sensíveis da vida e da humanidade, que enfrenta questões delicadas e existenciais que foram trazidas à tona pela pandemia e pela guerra em andamento na Europa. Durante décadas, países, instituições e indivíduos negligenciaram e fecharam os olhos para muitas das questões básicas que afetam a nossa existência, de modo que as crises chegaram até nós em um pacote ao mesmo tempo, nos colocando diante de uma escolha, um teste de ser ou não ser”, refletiu o embaixador palestino.
O decano expressou o compromisso do Conselho dos Embaixadores Árabes em reunir esforços para desenvolver a cooperação entre o Brasil e os países árabes. “Este país amigo, querido ao coração dos povos árabes, graças às suas posições sobre questões árabes, especialmente a questão Palestina. Desejamos à Câmara Árabe mais desenvolvimento e conquistas para acompanhar nossas ambições de relações frutíferas”, falou.
Aproximação
O secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Lucas Ferraz, falou de forma online representando o ministro Paulo Guedes. Ele ressaltou que a agenda econômica é voltada para o crescimento da produtividade brasileira, mencionando a redução do custo Brasil, redução de impostos, redução de barreiras não tarifárias e a conclusão do acordo de facilitação de investimentos com o Marrocos. Ferraz afirmou que o Brasil vem tentando igual acordo com a Arábia Saudita e um acordo de livre comércio com o Líbano e os Emirados Árabes Unidos. “Essas são agendas muito importantes. Gostaria que a pauta fosse mais diversificada, tanto nas exportações como nas importações”, declarou.
Participaram da abertura o embaixador Osmar Chohfi, presidente da Câmara Árabe; Augusto Pestana, presidente da ApexBrasil; o presidente Jair Bolsonaro, em mensagem por vídeo, e os árabes Sameer Abdulla Nass, vice-presidente da União das Câmaras Árabes e presidente da Câmara de Comércio e Indústria do Bahrein; Hossam Zaki, secretário-geral adjunto da Liga Árabe; Khalid Al-Esseily, ministro da Economia Nacional do Estado da Palestina (online); Youssef Hassan Khalawi, secretário-geral da Câmara Islâmica de Comércio, Indústria e Agricultura; e por vídeo, falaram Nevine Gamea, ministra do Comércio e Industria do Egito; Ryad Mezzour, ministro do Comércio e Indústria do Marrocos, e Yousef Alshamali, ministro da Indústria, Comércio e Abastecimento da Jordânia.
O Fórum Econômico Brasil & Países Árabes é realizado pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira em parceria com a União das Câmaras Árabes e apoio da Liga dos Estados Árabes, e patrocínio da Travel Plus, Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Fambras Halal, Embraer, Parque Tecnológico Itaipu, Pantanal Trading, Embratur, Khalifa Industrial Zone Abu Dhabi (Kizad), Cdial Halal, Modern Living, BRF, Egyzone/AM Development, Antika/Openet BV, First Abu Dhabi Bank, Egyptian Financial & Industrial Co. (EFIC), Suez Company for Fertilizers Production (SCFP), Cooperativa Agropecuária de Boa Esperança (Capebe), Prima Foods e Afrinvest.
Leia mais sobre o Fórum Econômico Brasil & Países Árabes.