São Paulo – O ministro brasileiro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, visitou o Cairo, capital do Egito, no fim de semana. Ele se encontrou com o ministro dos Negócios Estrangeiros do Egito, Nabil El-Araby, e com o secretário-geral da Liga dos Estados Árabes, Amr Moussa. Além de tratar sobre a transição de governo no Egito e da situação atual no Oriente Médio, Patriota pediu o apoio dos países árabes à candidatura do ex-ministro José Graziano ao cargo de diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO).
De acordo com o porta-voz do Itamaraty, ministro Tovar Nunes, o apoio à candidatura brasileira, no entanto, ainda não está garantido porque Graziano concorre com um árabe, o iraquiano Abdul Latif Rashid. Além deles, disputam a vaga o ex-chanceler espanhol Miguel Angel Moratinos, o austríaco Franz Fischler e o indonésio Indroyono Soesilo. A FAO é dirigida desde 1994 pelo senegalês Jacques Diouf, que vai deixar o cargo em 2012. A eleição será em julho.
“Desde o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva o Brasil luta pela erradicação da fome. E alguém como o Graziano, que concebeu o Fome Zero, daria à FAO a experiência de como ela poderia combater a fome e a miséria. Um país como o Brasil, não comprometido com intervenções militares, que não contribui com a distorção do comércio de alimentos ao colocar subsídios, como os europeus, que tem uma agricultura desenvolvida como a nossa, daria sua contribuição para um mundo mais inclusivo e sem miséria”, diz Nunes.
Agrônomo e professor, Graziano foi ministro extraordinário da Segurança Alimentar e Combate à Fome no início do governo do ex-presidente Lula e um dos criadores do Fome Zero, programa de transferência de renda.
A candidatura do Brasil à coordenação da FAO não foi o único tema da visita de Patriota. A transição de poder no Egito também entrou na pauta das conversas. O chanceler avalia que o país árabe caminha para um processo de eleições democráticas após a renúncia do presidente Hosni Mubarak, em fevereiro. O Egito tem eleições legislativas previstas para setembro e eleições presidenciais marcadas para novembro. O Egito, diz Tovar, é um parceiro estratégico do Brasil. Além de ser o país árabe mais populoso (com 81 milhões de habitantes), é sede da Liga Árabe, que reúne 22 estados.
“O Brasil é árabe, pois abriga muitos representantes da comunidade árabe. Fomos ao Egito dar apoio ao processo de transição. Estabelecemos contato para que o Brasil possa cooperar mais com o Egito”, afirma o porta-voz do Itamaraty. O governo brasileiro avalia que os conflitos de domingo (08) no Egito não têm relação com o processo de transição de governo. Uma briga entre muçulmanos e cristãos coptas no Cairo acabou com 12 mortos e 223 feridos. Os conflitos e protestos na Líbia e na Síria também foram discutidos no encontro.