São Paulo – O Brasil quer atrair pesquisadores estrangeiros ao País para ajudar no desenvolvimento de novas tecnologias e proporcionar inovação às indústrias e instituições nacionais. Esse é um dos planos do ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante. Esta será uma das formas de incentivar o desenvolvimento de projetos locais por meio do programa Brasil sem Fronteiras, que também concederá 75 mil bolsas de estudo para brasileiros em outros países.
"O que nós queremos é investir em inovação. Queremos mandar nossos estudantes para as melhores universidades do mundo e trazer para cá os pesquisadores das melhores universidades, de qualquer país", afirmou o ministro, durante encontro com correspondentes estrangeiros nesta sexta-feira (30), no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), em São Paulo. Ele afirmou que a proposta é beneficiar áreas em que o Brasil tem uma demanda muito grande: ciência, tecnologia e engenharias.
Segundo Mercadante, pelo menos um pesquisador estrangeiro já acertou sua chegada ao Brasil. O suíço Kurt Wüthrich, Nobel de Química em 2002, ficará três anos no Brasil para desenvolver projetos na sua área. Ele recebeu o prêmio da academia sueca junto com os pesquisadores John Benn e Koichi Tanaka, por desenvolver métodos de estudo para avaliar as estruturas biológicas de macromoléculas, como as proteínas.
Os atrativos para os pesquisadores são o salário e as condições. Wüthrich deverá receber R$ 14 mil por trimestre e R$ 87 mil para equipar o laboratório de pesquisa. Ele também poderá trazer um pós-doutorando estrangeiro para o Brasil e enviar um pós-doutorando brasileiro para o exterior. Wüthrich irá desenvolver suas pesquisas nos laboratórios da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro. "Vamos lançar editais em jornais no mundo todo para atrair pesquisadores", prometeu o ministro.
Mercadante também disse que outra forma de estimular projetos inovadores é o estabelecimento de uma empresa similar à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Essa nova instituição, que ainda não foi criada, deverá financiar projetos necessários para a indústria. Os estudos serão desenvolvidos dentro de laboratórios já existentes. A meta deste projeto, segundo Mercadante, é que 30 laboratórios brasileiros participem do projeto. Três já entraram em acordo com o governo: o Instituto Nacional de Tecnologia (INT), no Rio de Janeiro, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), em São Paulo, e a Faculdade Senai Cimatec, na Bahia. “Esses projetos serão feitos conforme a demanda da indústria”, disse o ministro. O governo já tem R$ 60 milhões disponíveis para esta iniciativa.
Para o ministro, o desenvolvimento em tecnologia e inovação neste momento poderá ajudar o Brasil a enfrentar as crises da economia mundial. Ele reconheceu, contudo, que o Brasil está “muito atrás” em inovação. “Nós vivemos 20 anos com superinflação, então havia uma aversão ao risco, mas também tivemos uma cultura passiva em inovação”, disse.
No encontro, Mercadante também afirmou que a empresa chinesa Foxconn vai começar a produzir o Ipad e o Ipod, produtos da norte-americana Apple, até o fim deste ano no Brasil. “Tem um galpão de 20 mil metros quadrados em Jundiaí, que está sendo construído. Até o fim do ano, a Foxconn começa a produzir o Ipad e o Ipod no país”, disse, lembrando que os US$ 12 bilhões de investimentos prometidos deverão ser distribuídos pelos próximos cinco anos. Ele também defendeu o repasse de 7% das receitas com o petróleo do pré-sal para ciência e tecnologia. “As futuras gerações não terão o dinheiro do petróleo. Então temos que investir esses recursos em educação, ciência e tecnologia”.