Da redação*
São Paulo – Uma delegação comercial e empresarial brasileira finalizou hoje a primeira etapa de uma viagem por três países da Ásia para tentar conquistar os mercados que suspenderam temporariamente as importações de carne bovina dos Estados Unidos.
Liderada pelo secretário da Proteção da Saúde Animal e Vegetal do ministério da Agricultura, Masao Tadano, a delegação teve ao longo de dois dias reuniões com empresas e autoridades agrícolas japonesas.
Segundo Tadano, embora o Brasil seja o principal exportador de carnes bovinas no mundo, com 1,3 milhão de toneladas em 2003, o Japão e outros países asiáticos só importam carne com osso de nações nas quais foi totalmente erradicada a febre aftosa.
Tóquio só compra do Brasil carne enlatada que, em 2003, alcançou as 820 toneladas, frente as 95 mil toneladas de carne não processada vendidas ao Chile, seu principal comprador.
O Brasil ofereceu ao Japão carnes bovinas não processadas a um terço do preço das dos Estados Unidos, atualmente vetadas pela aparição na América do Norte do mal da vaca louca, continuou Tadano.
O alto funcionário classificou de positiva a reunião com o Ministério da Agricultura, mas explicou que não se tratou da possibilidade de recorrer à "regionalização" para isolar zonas de possível contágio e permitir importações de carne bovina, apesar disso ser "bem-vindo" ao Brasil.
O ministério da Agricultura do Brasil reconheceu recentemente que, apesar de ter certificado a ausência de febre aftosa em seus principais estados criadores de gado, 15% do rebanho não estão completamente livres da doença.
O diretor-executivo da Associação de Exportadores Brasileiros de Carnes Industrializadas, Antonio Jorge Camardelli, disse à EFE que o Brasil está em condições de assumir uma quota de 20% do mercado japonês, que chega a 5,34 bilhões de toneladas anuais.
Camardelli enfatizou a dieta "orgânica" (livre de aditivos animais) do gado brasileiro o que tecnicamente o livra do risco do mal da vaca louca.
A delegação brasileira, que continuará sua viagem na Coréia do Sul e Taiwan, tenta convencer os países asiáticos a aceitarem a recomendação da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) de que a carne exportada pelos
estados brasileiros com certidão está livre de riscos.
A presença da delegação em Tóquio coincidiu com o anúncio ontem da proibição das compras japonesas de carne de frango da China, depois de detectada ali a
gripe do frango.
Tecnicamente, o Brasil se tornou o principal fornecedor de carne de frango ao Japão, após o aparecimento da gripe do frango que provocou na semana passada a suspensão das importações da Tailândia, o primeiro exportador a
este mercado.
A delegação enfatizou que não existe "oportunismo" na visita à Ásia, região que sofre epidemias, e acrescentou que na promoção foram incluídos produtos como a manga, que está há 23 anos na lista de espera para ser incluído nas conversações comerciais com as autoridades agrícolas japonesas.
* com informações de agências internacionais

