São Paulo – O governo federal elaborou um estudo no qual analisa os desafios, exibe estudos de caso e apresenta propostas para promover a expansão das empresas brasileiras no exterior. Batizado de “Termo de Referência: Internacionalização de Empresas Brasileiras”, o documento foi apresentado ontem (07), em seminário sobre o assunto na Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp).
O levantamento destaca desafios a serem enfrentados, como evitar a saída de divisas, a exportação de postos de trabalho e a diminuição dos investimentos internos em relação aos feitos no exterior. No entanto, o estudo aponta também importantes benefícios para as empresas internacionalizadas.
“O investimento direto realizado pelas empresas brasileiras proporciona melhores condições às exportações e vendas diretas no exterior de produtos diferenciados, permitindo a criação de logística de distribuição e tornando mais fáceis as operações just in time [conceito relacionado ao de produção por demanda, em que primeiramente vende-se o produto para depois comprar a matéria-prima e, posteriormente fabricá-lo ou montá-lo]”, afirma o documento.
O texto relata ainda que o processo de internacionalização “ao mesmo tempo, permite aproximar empresas e clientes, com a realização de operações de manutenção, atendimento pós-venda, entre outros. Por isso, pode-se dizer que o investimento direto estrangeiro é um fator determinante para a expansão da empresa”.
Ao abordar o contexto da internacionalização das empresas no Brasil, o documento cita ainda um estudo do Boston Consulting Group, realizado este ano, e que aponta 14 empresas brasileiras entre as 100 novas desafiantes globais. São elas: Camargo Corrêa, Coteminas, Embraer, Gerdau, JBS-Friboi, Marcopolo, Natura, Odebrecht, Perdigão, Petrobras, Sadia, Vale, Votorantim e WEG.
Estudos de caso de países como Coréia do Sul, Taiwan, China e Índia são apresentados como exemplos a serem estudados em relação às ações feitas pelos governos locais sobre como apoiar a internacionalização de suas empresas.
“Em 2002, o governo chinês lançou a política Go Global, com medidas destinadas à promoção da internacionalização das empresas do país (…) Entre as principais ações efetuadas pelas autoridades estão: simplificação de procedimentos burocráticos, elaboração de guias para investidores, realização de atividades de inteligência comercial e assinatura de acordos internacionais de promoção e proteção de investimentos.”
Em relação ao Brasil, o termo relata sugestões feitas por acadêmicos e empresários, como o “fortalecimento do apoio ao setor privado para pesquisa e desenvolvimento, a abertura de escritórios e subsidiárias do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em mercados-chave de forma a promover oportunidades de negócios e melhorar o apoio financeiro, e o aumento da agilidade por parte do governo brasileiro nas ações para garantir os contratos de empresas brasileiras no exterior quando ocorrem mudanças na legislação dos países”.
Como conclusão, o documento afirma que é possível ao Brasil atuar com menos ingerência do que o governo da China, por exemplo. “O desafio reside em criar condições de competitividade para que a empresas brasileiras alcem vôos mais longos e duradouros no mercado internacional, sem que a atuação institucional signifique interferências negativas na capacidade empreendedora já demonstrada pelo empresariado brasileiro.”
A elaboração do termo levou cinco meses e foi coordenada pela Câmara de Comércio Exterior (Camex), com participação de representantes do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, do Ministério das Relações Exteriores, do Ministério da Fazenda, da Casa Civil da Presidência da República, do BNDES, da Agência Brasileira de Promoção das Exportações e Investimentos (Apex), da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O seminário na Fiesp contou com a presença do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, do secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, do presidente da Apex, Alessando Teixeira, além de outros representantes do governo e de instituições ligadas à área econômica.