São Paulo – O Egito é um dos mercados-foco para a exportação de farinha bovina brasileira, de acordo com Alexandre Ferreira, consultor técnico do Sindicato Nacional dos Coletores e Beneficiários de Sub Produtos de Origem Animal (Sincobesp). A farinha de origem animal é utilizada na produção de ração para frangos, cães e gatos. Ela também pode ser produzida a partir dos ossos de aves.
Ferreira conta que o Brasil exporta muito pouco de sua produção anual, que gira em torno de 2,5 milhões de toneladas. Em 2009, foram apenas 20 mil toneladas de farinha animal enviadas ao mercado externo. A média dos anos anteriores vinha sendo de 50 mil a 60 mil toneladas, mas a valorização do real derrubou as já pequenas quantidades exportadas. O maior comprador estrangeiro da farinha animal brasileira é o Chile.
“O câmbio é o fator de maior inibição ao aumento dos negócios”, destaca Ferreira. Ele diz ainda que a falta do hábito de exportar entre as empresas do setor também prejudica o crescimento das vendas externas. “O setor não está acostumado a exportar, não é resistência, mas as pessoas não sabem o caminho. O mercado tem que desenvolver a cultura de exportação”, analisa.
Um detalhe interessante revelado pelo consultor é que boa parte da farinha brasileira que chega no Egito vai revendida por empresas americanas, em vez de ser comprada diretamente do Brasil. Segundo ele, não há números exatos de quantas toneladas de farinha animal o Brasil exporta para o país árabe.
De acordo com Ferreira, devido à falta de cultura exportadora, o sindicado e as empresas do setor ainda não traçaram estratégias para o aumento das vendas ao Egito. No entanto, ele acredita que uma boa solução seria a construção de um armazém alfandegado no Porto de Alexandria. “Existe um campo muito grande para intensificar o comércio deste produto nos próximos anos.”
Em sua opinião, os produtores poderiam se organizar em um sistema de pool para disponibilizar a farinha animal no Porto de Alexandria para que os compradores locais pudessem adquiri-la em caminhões. “Os ganhos logísticos e qualitativos seriam muito grandes”, diz.
O Sincobesp reúne 35 empresas, concentradas especialmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro Oeste. Juntas, elas são responsáveis por 15% da produção brasileira de farinha animal. O restante é produzido pelos frigoríficos.
De acordo com o consultor, uma das principais vantagens do produto brasileiro é a baixa classificação do país no risco de transmissão da doença da vaca louca. Ele destaca ainda que, como o Brasil é o maior produtor mundial de carne bovina, tem uma boa capacidade de garantir o suprimento do mercado externo.