Cláudia Abreu
São Paulo – Empresas brasileiras querem dar um novo colorido à mesa dos árabes. Elas querem aumentar as exportações de frutas do Brasil para os países da região. Para isso, produtores e processadores de mangas, maçãs e uvas estão de malas prontas para a Saudi Food deste ano, que será realizada entre os dias 22 e 26 de maio em Riad, na Arábia Saudita. A feira de alimentos é considerada a mais importante da região.
A empresa Nova Fronteira, de Curaçá (BA), integra o grupo interessado em negociar com os árabes. É a primeira vez que a companhia participa da feira saudita, mas seus representantes já tiveram contatos com empresários de Riad.
No ano passado, a empresa embarcou um contêiner – 20 toneladas – de manga à Arábia Saudita. Ao todo, o Brasil exportou 100 toneladas do produto para o país. "Esse volume pode ser multiplicado por dez", afirma Reynaldo Camelo, assessor comercial da Nova Fronteira.
Segundo Camelo, a Nova Fronteira desenvolveu uma embalagem especial para atender o mercado árabe – com informações escritas em árabes e receitas com a fruta. "Trata-se de um público requintado, nobre, que precisa saber como usar a fruta na culinária para adquirir o hábito de consumo", afirma.
As novas embalagens serão apresentadas na Saudi Food. Essa estratégia é semelhante à que foi adotada com o Japão no ano passado. Depois de uma pausa de 32 anos, os japoneses voltaram a comprar manga do Brasil.
A Nova Fronteira produziu 10 mil toneladas de mangas em 2004. Desse volume, 60% foi exportado. O resto atendeu o mercado interno. Os Estados Unidos foram os principais compradores. Além das mangas, a empresa produz uvas sem sementes. No ano passado foram produzidas 2 mil toneladas da fruta. Desse volume, 95% foi exportado. O destino: os EUA. "Com a entrada dos árabes, esse quadro pode mudar", explica Camelo.
Sucos e polpas
Outra companhia que pretende crescer no Oriente Médio é Atlântica Internacional, fabricante de polpas de frutas e sucos concentrados. "O mercado árabe é muito promissor, pretendemos aumentar em 15% as vendas para os países da região", afirma Thais Cristina Patrão, assistente de Marketing da Atlântica.
Em 2004, a companhia exportou 6 mil toneladas de alimentos para o as nações árabes. Líbano, Síria, Jordânia, Iraque, Kuwait, Arábia Saudita Omã, Bahrein e Emirados Árabes Unidos estão entre os principais compradores.
Segundo Thais, os sucos brasileiros fazem muito sucesso entre os árabes. Um dos motivos são as altas temperaturas da região. Os mais procurados são os de laranja, maracujá, abacaxi e de limão Taiti. Todos concentrados e congelados.
As polpas também têm boa aceitação, principalmente as de manga, goiaba, abacaxi e acerola. Apesar de já vender para os árabes, é a primeira vez que a companhia participa da Saudi Food. Além do Oriente Médio, a empresa exporta também para os Estados Unidos e União Européia.
Willian Atui, diretor da Overfair e representante da Riyadh Exhbitions no Brasil, empresa organizadora do evento na Arábia Saudita, acrescenta que o fato dos árabes consumirem pouca bebida alcoólica também pode contribuir para o aumento do consumo de sucos na região. Outro fator apresentado pelo executivo: "jovens que foram estudar no exterior estão voltando para seus países e investindo em novos negócios, principalmente restaurantes e cafeterias com alimentos mais naturais".
Maçãs
A Renar Maçãs, de Fraiburgo (SC), também vai para a feira de Riad. A empresa produz cerca de 40 mil toneladas da fruta por ano, metade é exportada. Os países da União Européia são os principais compradores. "Queremos colocar nossos produtos em novos mercados", afirma Verno Bierhals Júnior, assessor comercial da Renar.
Segundo ele, no ano passado, empresários árabes entraram em contato com a empresa, mas a safra já estava comprometida e a Renar não conseguiu atender o pedido. "Eles nos procuraram depois da colheita. Na época, explicamos como funcionava a safra, as datas e, este ano, nós esperamos vender para a Arábia Saudita. O negócio está meio amarrado", conta.
Transporte
Atualmente, a maioria das frutas brasileiras chega ao mercado árabe via Porto de Roterdã, na Holanda. "É a porta de entrada de 70% das nossas exportações", afirma Valeska Oliveira, secretária-executiva do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf). Esse percurso, no entanto, deve mudar com o estreitamento de relações entre o Brasil e as nações árabes. "A intenção é vender direto para esses países", afirma.
Para Valeska, a venda direta seria uma garantia maior da qualidade do produto. "Quem vende para um atacadista local, por exemplo, saberá o estado que a fruta chega. Se está mole, amassada, ele tem mais facilidade para corrigir o erro nas próximas remessas e, assim, conquistar o cliente".
Valeska afirma que conversas com a rede varejista árabe Alabna estão "bem adiantadas". O grupo também atua na área de importação de frutas e estuda uma parceria com o Brasil para diminuir os custos do transporte, um dos empecilhos à exportação direta.
No ano passado foram vendidas 850 mil toneladas de frutas frescas, os países árabes importaram diretamente do Brasil apenas 2,28 mil toneladas, uma queda de 48,35% em relação ao ano anterior.
Feira
Ainda há tempo para quem quer participar da Saudi Food 2005. Até agora, três empresas confirmaram presença, mas a intenção é levar oito companhias. Os empresários interessados devem contatar o Ibraf (ver telefone e site abaixo). Quem não quiser montar estande tem a opção de participar apenas da missão comercial.
Contato
Ibraf
Site: www.ibraf.org.br
Telefone: +55 (11) 223-8766