São Paulo – O Conselho Federal de Odontologia (CFO) está desenvolvendo um projeto de internacionalização da odontologia brasileira com foco em vários países, entre eles os Emirados Árabes Unidos.
O fato de não haver tantas faculdades de odontologia no país árabe, o que consequentemente causa uma alta demanda de pacientes, além da remuneração no setor privado ser bastante atrativa para o profissional liberal, estão entre os principais motivos que fizeram o órgão cogitar levar o projeto até o país árabe.
De acordo com o presidente do CFO, Juliano do Vale, a alta demanda está relacionada principalmente com a comunidade estrangeira que mora nos Emirados para trabalhar, entre os quais os dentistas brasileiros devem encontrar espaço. “Acredito que temos uma chance de sermos bem aceitos no país”, explica Juliano.
Apesar dessas necessidades existirem, ainda há algumas informações que precisam ser confirmadas pelo órgão brasileiro. “Precisamos saber qual seria o salário que os profissionais receberiam, como funciona a política interna de cada emirado, etc. Temos a intenção de fazer uma visita ao país árabe até o final deste ano para levar essa proposta e tentar ouvir deles se é viável”, conta Juliano.
O contato com os emiradenses, quando acontecer, deve ser feito através do Ministério das Relações Exteriores do Brasil ou algum embaixador. “Vamos tentar estabelecer as regras do projeto, entender qual é real necessidade e construir uma proposta para atendê-los”, diz Juliano.
“Ao mesmo tempo, vamos ver quais são os critérios do governo para um tipo de projeto como o nosso, entendendo, por exemplo, se os dentistas precisam de um visto de permanência ou temporário para trabalhar, se precisam passar por uma seleção ou se devem atender a requisitos de qualificação antes de começarem a trabalhar.”
Desenvolvimento do projeto
A ideia do projeto é antiga, surgiu um pouco antes da chegada da pandemia, segundo Juliano. “Depois que vimos uma grande quantidade de profissionais se formando no Brasil, nos perguntamos onde eles todos iam trabalhar. Ao mesmo tempo nos deparamos com um pequeno número de profissionais formados em outros países. Vimos nessa falta uma oportunidade para os nossos profissionais trabalharem em outros países.”
De acordo com Juliano, essa ideia ficou engavetada até janeiro de 2024, quando o CFO começou efetivamente a desenvolver o projeto. Ele será concluído até o final de agosto e em seguida será apresentado ao governo.
“Queremos gerar uma internacionalização da odontologia, como se fosse um intercâmbio de profissionais, um ‘Mais Médicos’ de forma invertida. Depois de concluído, creio que o projeto não terá nenhum travamento na hora da aprovação do governo”, diz Juliano.
Até o momento, o órgão desenvolveu um site para que os dentistas brasileiros ajudem a planejar as ações do projeto. Nesse site, os profissionais respondem, por exemplo, se falam outra língua – essencial para trabalhar fora – e podem escolher um ou mais países onde gostariam de trabalhar.
“Também estamos conhecendo um pouco mais desses possíveis mercados para poder estabelecer algum tipo de política para o profissional trabalhar. Afinal, cada país tem uma realidade, leis para esse tipo de trabalho. Terão lugares com mais necessidade de dentistas que fazem implantes, e outros vão buscar mais profissionais clínicos”, explica Juliano.
Outros destinos
Além dos Emirados, o CFO já tem informações sobre os Estados Unidos – possível outro destino de exportação de dentistas. O órgão sabe que é um país que passou a facilitar o visto para profissionais de saúde, para médicos e enfermeiros, depois da pandemia. Mas para os brasileiros trabalharem lá, precisam se habilitar na forma convencional, fazendo uma prova de qualificação de língua inglesa.
“Também já temos a noção de que muitos países pequenos da Europa costumam buscar esses profissionais em outros países vizinhos. Dependendo do país e da necessidade, o CFO vai fazer um intermédio para gerar a aceitação do dentista brasileiro”, diz Juliano. “Nossa intenção também é oferecer um banco de dados dos nossos profissionais, dividido pelas especialidades. No Brasil, 10% dos dentistas já demonstraram interesse em atuar em outro país. Isso já é um bom sinal que pode dar certo nosso intercâmbio.”
Com muita confiança, o presidente da CFO adiantou que os nossos profissionais serão muito bem-recebidos por causa da boa reputação que os procede, da qualidade do atendimento e dos equipamentos que usam.
“Eles estão entre os melhores do mundo, que oferecem o serviço com o maior refinamento. Como os equipamentos odontológicos brasileiros são da melhor qualidade, inclusive são exportados e usados em praticamente todos os países do mundo, eles iriam junto com os dentistas que forem trabalhar fora do Brasil”, conta Juliano.
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Reportagem de Rebecca Vettore, em colaboração com a ANBA